SENTIMENTOS – VERDADES E MENTIRAS.
Por Carlos Sena
Há dentro dos seres humanos sentimentos complexos de amor e de ódio. Todos os demais parecem que deles derivam e se bipartem, tripartem, ou se partem em si. Muitos são os que partem, mas outros permanecem em nós muitas vezes sem que tenhamos a real noção deles – suas causas e consequências. Outros se sedimentam. O amor talvez seja a grande casa que abriga todos os sentimentos que nos levam a ter objetivos e sonhos na vida. Ou não!
Fato é que estamos sempre em busca incessante daquela pessoa ideal, digamos assim. No passado as moças buscavam um “príncipe encantado”, os moços, uma princesa por quem se apaixonassem e fossem felizes para sempre. Hoje, a modernidade jogou um balde de água fria nessas expressões, mas elas sobrevivem de outro jeito, de outra forma nos diferentes lugares. Assim, mesmo em plena era dos amores gasosos, das relações que “ficam” e dificilmente permanecem, o ser humano não se deixa viver sem a ilusão da sua “cara metade”, “alma gêmea” ou que nomes tenha. Vê-se que os tempos passam, as eram mudam, mas nós, humanos, não nos desvencilhamos do mito de que “não é possível ser feliz sozinho”. Ao se falar nessa possibilidade, naturalmente se coloca em evidência a solidão. Na verdade, o que seria o maior mito? O da solidão ou o da cara-metade? Ou não se trata de mito essa caracterização humana tão sedimentada dentro de nós? A bem da verdade, muitos vivem por ai dizendo que só querem “ficar”, mas, a rigor, terminam sendo traídos pelas suas mentiras interiores, pois findam repetindo antigos valores vividos pelos nossos antepassados.
Mito ou não, aos humanos parece que lhe foi dada essa “penitência” que é sofrer porque está sozinho, mas quando fica acompanhado quer separar porque não é feliz. Evidente que se pode encontrar uma pessoa que, em tese, não seja a que esperamos. Contudo, a regra maior tem sido a dos que sofrem pela solidão e dificilmente se encontram com alguém para ser feliz. Sendo prático, pois a vida moderna é muito cheia de praticidade, entendemos que o ser humano não nasceu para ser de uma só pessoa. A monogamia nos foi imposta pela cultura secular das civilizações e hoje nós pagamos esse preço: o preço da posse, quando pessoas não se deixam ser coisa; o preço do ciúme, pois as pessoas são compelidas a “cuidar do que é seu” e isso estimula o ciúme que leva a diversas consequências ruins; o preço do tempo que modifica e acaba com tudo, inclusive com o amor; o preço da solidão que dói e nem sempre se tem como preenche-la com a presença de uma pessoa que nos atenda as expectativas; o preço da rotina que, não raro, separa casais que um dia juraram amor eterno.
Talvez a modernidade um dia descubra que “sem tesão não há solução”! Só que tesão passa como uma chuva de verão, como uma paixão avassaladora. E quando o “tesão passa” não passa em nós a vontade de reinventá-lo com outras pessoas em novas relações. Mas, sendo casados, formalmente “abençoados” pela sociedade, então fica mais difícil enfrentar a realidade nua e crua. Nesse caso mais nua do que crua. Sendo nua pode se vestir na sensualidade que uma camisola de cetim pode muito bem vestir. Sendo crua, encrua quando a idade chega e a solidão vira coisa de dois no mesmo ambiente físico onde a emoção muitas vezes já fugiu pelas frestas da casa.
Os sentimentos humanos na modalidade em que nós vivenciamos “talvez estejam no nosso DNA, se quisermos ser fatalistas”. O mais provável é acreditar que nossos mitos de felicidade em companhia de uma “alma gêmea” foram uma construção coletiva dos nossos ancestrais como forma de domínio da afetividade pelos “machos”. Sendo meio surreal, pensar em conviver com alguém eternamente deve ser um sofrimento. Contudo, a vida da nossa espécie também nos faculta o direito de sofrer acompanhado e ser feliz também. O lado perverso dos sentimentos é que todos dizem o que querem acerca deles e nem sempre quem está convivendo no seu domínio pode ter a certeza absoluta. Isto porque o lado falso do ser humano na maioria das vezes se torna o lado verdadeiro.
Por Carlos Sena
Há dentro dos seres humanos sentimentos complexos de amor e de ódio. Todos os demais parecem que deles derivam e se bipartem, tripartem, ou se partem em si. Muitos são os que partem, mas outros permanecem em nós muitas vezes sem que tenhamos a real noção deles – suas causas e consequências. Outros se sedimentam. O amor talvez seja a grande casa que abriga todos os sentimentos que nos levam a ter objetivos e sonhos na vida. Ou não!
Fato é que estamos sempre em busca incessante daquela pessoa ideal, digamos assim. No passado as moças buscavam um “príncipe encantado”, os moços, uma princesa por quem se apaixonassem e fossem felizes para sempre. Hoje, a modernidade jogou um balde de água fria nessas expressões, mas elas sobrevivem de outro jeito, de outra forma nos diferentes lugares. Assim, mesmo em plena era dos amores gasosos, das relações que “ficam” e dificilmente permanecem, o ser humano não se deixa viver sem a ilusão da sua “cara metade”, “alma gêmea” ou que nomes tenha. Vê-se que os tempos passam, as eram mudam, mas nós, humanos, não nos desvencilhamos do mito de que “não é possível ser feliz sozinho”. Ao se falar nessa possibilidade, naturalmente se coloca em evidência a solidão. Na verdade, o que seria o maior mito? O da solidão ou o da cara-metade? Ou não se trata de mito essa caracterização humana tão sedimentada dentro de nós? A bem da verdade, muitos vivem por ai dizendo que só querem “ficar”, mas, a rigor, terminam sendo traídos pelas suas mentiras interiores, pois findam repetindo antigos valores vividos pelos nossos antepassados.
Mito ou não, aos humanos parece que lhe foi dada essa “penitência” que é sofrer porque está sozinho, mas quando fica acompanhado quer separar porque não é feliz. Evidente que se pode encontrar uma pessoa que, em tese, não seja a que esperamos. Contudo, a regra maior tem sido a dos que sofrem pela solidão e dificilmente se encontram com alguém para ser feliz. Sendo prático, pois a vida moderna é muito cheia de praticidade, entendemos que o ser humano não nasceu para ser de uma só pessoa. A monogamia nos foi imposta pela cultura secular das civilizações e hoje nós pagamos esse preço: o preço da posse, quando pessoas não se deixam ser coisa; o preço do ciúme, pois as pessoas são compelidas a “cuidar do que é seu” e isso estimula o ciúme que leva a diversas consequências ruins; o preço do tempo que modifica e acaba com tudo, inclusive com o amor; o preço da solidão que dói e nem sempre se tem como preenche-la com a presença de uma pessoa que nos atenda as expectativas; o preço da rotina que, não raro, separa casais que um dia juraram amor eterno.
Talvez a modernidade um dia descubra que “sem tesão não há solução”! Só que tesão passa como uma chuva de verão, como uma paixão avassaladora. E quando o “tesão passa” não passa em nós a vontade de reinventá-lo com outras pessoas em novas relações. Mas, sendo casados, formalmente “abençoados” pela sociedade, então fica mais difícil enfrentar a realidade nua e crua. Nesse caso mais nua do que crua. Sendo nua pode se vestir na sensualidade que uma camisola de cetim pode muito bem vestir. Sendo crua, encrua quando a idade chega e a solidão vira coisa de dois no mesmo ambiente físico onde a emoção muitas vezes já fugiu pelas frestas da casa.
Os sentimentos humanos na modalidade em que nós vivenciamos “talvez estejam no nosso DNA, se quisermos ser fatalistas”. O mais provável é acreditar que nossos mitos de felicidade em companhia de uma “alma gêmea” foram uma construção coletiva dos nossos ancestrais como forma de domínio da afetividade pelos “machos”. Sendo meio surreal, pensar em conviver com alguém eternamente deve ser um sofrimento. Contudo, a vida da nossa espécie também nos faculta o direito de sofrer acompanhado e ser feliz também. O lado perverso dos sentimentos é que todos dizem o que querem acerca deles e nem sempre quem está convivendo no seu domínio pode ter a certeza absoluta. Isto porque o lado falso do ser humano na maioria das vezes se torna o lado verdadeiro.