(ex) MULHERES DE ATENAS


Os gregos apreciavam mulheres submissas, mulheres que sofriam caladas - como bem (en)canta Chico Buarque - pela ausência de seus companheiros, sempre em guerras masculinas, egocêntricas, inúteis ou constantemente metidos com muitas outras mulheres que não ela, a de direito e de honra, todas sem importância nenhuma visto que, bons atores, mentiam eles a todas elas - ingênuas e crédulas.

Posso bem imaginar como era difícil ser uma delas, essas mulheres de Atenas, naqueles tempos tão distantes: elas, senhoras, rainhas de seus lares, carregando a glória do nome do amado e os filhos dele - nascidos da semente de seu amor, mesmo gerados em dor pelo pecado original -; mas tantas vezes solitárias, cheias de humilhação e de lágrimas não só por si mesmas, mas também pela ausência paterna junto aos filhos - uma grande falha desses amantes inconstantes. Sim, volúveis, contudo sempre exigentes e ardorosos quando presentes no lar, a cobrarem (com prazer) seus 'direitos' junto ao leito matrimonial.

Imagino quanto elas choraram - lágrimas quentes, solitáras - de um modo tão triste que a divindade (naquela época, os deuses eram fortes, muito presentes e justiceiros) deveria desfavorecer bastante quem as fazia derramar um tal pranto malígno atrás das portas (outra vez nosso Chico entendendo muito bem a sofrida alma feminina!), atrás das cortinas de seus lares desertos e usurpados por aventureiras sem consideração nem dignidade - e mais ainda ao tentar consolar suas crianças carentes e cheias de perguntas sem resposta.Quais respostas essas mulheres poderiam dar a eles, seus filhos, ainda tão inocentes da inveja, da cobiça e das maldades humanas sobre a ausência paterna?

AH! Nenhum homem, por mais ator que pense ser, pôde jamais enganar o coração sensível e amoroso de uma mulher, especialmente as sofridas senhoras de Atenas, então, certamente elas bem sabiam o motivo torpe de suas indignas ausências - as mil guerras que adoravam fazer somente para passar o tempo matando estupidamente seus semelhantes ou nas farras, tendo mulheres avulsas em todos os outros lares, inclusive no de seus amigos guerreiros - fogo amigo - somente para engradecer seus egos tolos e sem polimento algum e saciar desejos sexuais inconsequentes - muitas vezes levando sérias doenças venéreas para dentro de seus próprios lares e a seus herdeiros.

Hoje, as mulheres são fortes e não mais lamentam a dor passada, viraram a página ruim de suas vidas. Não são mais de Atenas nem são as eternas Amélias brasileiras. Elas se libertaram e agora são médicas, margaridas, dentistas, atendentes, administradoras, professoras, escritoras, provedoras de seus lares, ocupando seu lugar no espaço e no tempo - sem mais pranto.  Mulheres inteligentes e sensíveis que afinal floresceram fora do jugo do pai, dos irmãos, dos companheiros e até dos filhos - ainda que fosse um elo pretensamente amoroso.

Você que me lê, se for homem não magoe mais o coração da pessoa com quem divide a dura rotina diária, não a submestime nem minta por motivo nenhum - seja por dinheiro, ilusão, falsos amores, sexo, paixões sem futuro. Você a escolheu, entre tantas outras, para ser a sua mulher, sua rainha, a portadora de seu belo nome, mãe de sua descendência, companheira, amante e amada - honre-a! Não traia como Judas fez com o compassivo Senhor.
- "Nunca faça ao outro o que não deseja para si mesmo" ´:
disse Jesus em seu primeiro e mais maravilhoso ensinamento!


Você que me lê e é mulher, erga sua cabeça, saia da zona de (des)conforto e mostre ao mundo que grande pessoa você é e sempre foi de fato - com ou sem um brutamontes a seu lado. E não esqueça a Lei Maria da Penha pois é inadmissível uma mulher ainda ser massacrada física ou moralmente, coisa que pode doer ainda mais, por qualquer homem! Lembre-se: você não precisa dele em coisa nenhuma pois você é uma centelha divina tentando permanecer viva no universo e não é um mero satélite à sombra do que parecia ser um astro solar, mas que te queima e te machuca anos a fio. Liberte-se!


Acenda sua luz você que me lê agora pois é igualmente uma estrela que brilha
sozinha no alto - como um astro de primeira grandeza! A vida ainda mostrará ao mundo que você tem valor e que também você vencerá!

É isso.


Silvia Regina Costa Lima
23 de outubro de 2012










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SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 23/10/2012
Reeditado em 26/10/2012
Código do texto: T3948613
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