As Lições do Mensalão
Acadêmicos de Direito de todo o Brasil pleiteiam a participação numa das sessões do julgamento do mensalão, por meio de uma rigorosa seleção. Acreditam que chegar lá já é um requisito para o robustecimento de seus currículos, pelo que dizem os mais doutos do saber jurídico. E lá constatam que, na mais alta Corte do país, também há divergências na interpretação da Lei. Para um mesmo caso, opiniões diferentes. Ministros parecem querer medir forças no conhecimento das ciências jurídicas, aprofundando o debate do contraditório, deixando-nos atônitos, na condição de leigos nessa seara. Para os acadêmicos, muito se tem dito que uma dessas sessões vale por seis meses de faculdade. Por isso, tão concorrido é o pleito a essa participação.
Enquanto isso, o povo, de um modo geral, aplaude os que condenam e repudiam os que absolvem os envolvidos no escândalo do mensalão, considerado o maior esquema de corrupção até hoje ocorrido no país.
Entretanto, diz-se que no julgamento técnico não pode prevalecer a força das ruas, que pode estar imbuída de emoções. Nada de dizer que “a voz do povo é a voz de Deus”.
Difícil mesmo é interpretar a nossa Constituição, cuja elaboração está a cargo do Poder Legislativo, órgão eminentemente político. Nas entrelinhas, sempre há margem para dúbia interpretação. Como se diz na gíria, ninguém vai querer dar o tiro no próprio pé.