O Fenômeno da Conectividade e a noção de tempo e espaço

O tempo não existe. O que existe são sensações de tempo.

Nem a degradação da matéria pode ser fator de determinar o tempo, pois esta é relativa, (deriva das condições em que esta matéria foi exposta e se relacionou ao seu meio), assim como a percepção de tempo também é.

Então, o tempo não existe, o que existe são sensações, percepções da vida.

A vida é relativa, relativa às tuas percepções.

Portanto, o que aconteceria se o fluxo, a densidade destas percepções, sensações e informações aumentasse de forma significativa? Sim, a noção de tempo também mudaria.

Então, refletindo sobre a nossa atualidade, que fato acarretou a brusca percepção temporal que temos da vida? Sendo que a medida e os ponteiros são os mesmos! A vida passa mais rápido?

Eu relacionaria isto com um fenômeno que nos traz instantaneamente milhares de informações, sensações e processos: a conectividade da internet.

Ou seja, a internet está revolucionando muita coisa, principalmente a nossa noção de tempo.

Digo isto não só porque ela aproximou pessoas distantes geograficamente, mas principalmente porque ela revolucionou a forma como se acumula e se troca informações e assim também, a forma que se acumula e se troca o capital, as relações de comércio.

A forma como todo o nosso sistema de troca de valores e informações ficou rápido, online, está revolucionando as formas da divisão do trabalho: novos trabalhos, novas especializações, novas divisões e hierarquias, novos paradigmas do trabalho e assim, da sociedade e seus relacionamentos. Transforma o como o homem se constitui, consome e faz suas trocas em seu meio. Agora muito mais rápido e dinâmico através de novas ferramentas e curtos prazos de tempo. Tudo agora acontece de forma mais rápida e assim cada vez mais será.

Vivemos uma das maiores revoluções da humanidade (em termos de densidades de intervenções (fatos e situações) e números – óbvio, pois somos mais numerosos que antes) e às vezes não nos damos conta deste fenômeno que nós estamos criando e vivendo agora: a era revolucionária da conectividade que abrange todos os setores do intelecto e prática da raça humana.

É só observar a transformação que o rádio e a TV causaram na sociedade, alterando até mesmo a forma do relacionamento e disposição familiar, até linhas e parágrafos demasiadamente já lidos e extensos para se mensurar aqui.

Podemos dizer que o rádio e a TV foram os clarinetes, os que prepararam a humanidade para receber a “Revolução da Conectividade”.

Entender o fenômeno da conectividade seria agora algo infinito, pois ele está acontecendo. Por isto que não teríamos como numerar quais são os fatores que este fenômeno nos traz, mas podemos iniciar uma reflexão e citação destes, que poderia ir desde a individualização do homem até a sua percepção de tempo, alterando tudo e todo o seu meio. Não que a conectividade por si só (seja a internet e/ou a evolução das tecnologias portáteis, etc) é fator desta transformação, elas podem ser sim a centelha desta revolução do homem com o seu meio e assim consigo mesmo.

No final do século XIX, um sociólogo chamado Émile Durkheim (França, 1858 – 1917) analisava a sociedade de seu tempo (uma sociedade pós-revolução industrial que sofrera enormes transformações) e dizia que o individuo estava se individualizando devido as divisões e subdivisões na qual realizavam os seus trabalhos, e isto se dava pela densidade populacional, que assim exigiam a criação de máquinas e transformaram seus meios de produção para suprir a demanda populacional que estava se dando na Europa.

Na minha opinião, vivemos um momento tão importante e tão igual (mesmo que em outros cenários) quanto a revolução industrial dos séculos passados. Vivemos na era da conectividade a revolução do tempo e do espaço, mensurando a nova reestruturação social, econômica e cultural que jaz se dá nesta nova sociedade que está revolucionando todos os seus meios de troca, e por este motivo deixando ser nomeado este movimento por revolução, mesmo que passiva e programática.

Além da mudança na percepção do tempo e do espaço, ocorre uma densidade no fluxo de informações, onde se você tentar medir o tempo você fica louco (pois ele se desfaz muito mais rápido que antes), e se você tiver informação, mas não conseguir transformá-la em conhecimento, também não terá muito valor a agregar.

Por isto, existe uma relação dialética entre o tempo e a informação (dados/sensações), pois um abstrai o outro. Isso porque a densidade de informações/sensações abstrai/relativiza o tempo, como citado anteriormente. E sem tempo você não transforma estes dados/informações/sensações em conhecimento.

Portanto, a Era da Conectividade tem seu caráter revolucionário, pois altera, de forma relativa, três grandes vetores de valor do sistema capitalista: o tempo, o espaço (propriedade) e a informação (sendo esta abstraída pelo tempo e abstraindo-o ao mesmo tempo em uma relação dialética), revolucionando desde as mais sombrias áreas da psyché humana até suas relações de troca, comércio, acumulação de capital e divisão do trabalho, transformando assim as percepções de mundo deste indivíduo que vive no planeta Terra, agora podendo ser mais conhecido como uma “Pangéia eletrônica atemporal” vivendo a sua “Era da Conectividade” que veio seguida das suas duas revoluções tecnológicas : A primeira revolução tecnológica pode ser marcada pela invenção do rádio e da TV e a segunda revolução tecnológica pode ser marcada pela invenção do computador e a internet – ambas filhas também das duas ancestrais seculares revoluções industriais).

E uma dica para “sobreviver” nesta revolução é: aquiete a mente, repouse a respiração e as emoções, não conte o tempo de forma mecânica, nem tente decorar tudo o que tem para fazer nem tente decifrar todas as informações. Repousando e saindo (nem que por alguns instantes) da intensa troca de informações e contatos desta “era revolucionária da conectividade”, você conseguirá ter mais “tempo”, pois conduzirá e alinhará as suas sensações e informações e transformará estas à sua utilidade, ao seu conhecimento.

Boa revolução a todos nós, que venha a nova era!