Consumismo
A máquina capitalista que coordena o mundo atual é selvagem, cruel e segregacionista. O modelo econômico consagrado como ideal, cuja oposição fez eclodir Guerra Fria na segunda metade do século XX, devido a má administração dos governantes, acarreta impactos sociais gravíssimos, a começar pela perpetuação da vassalagem da Idade Média. Dividindo a sociedade em classes econômicas, estabeleceram-se relações de superioridade e inferioridade não mais baseadas nas qualidades individuais das pessoas, mas em seu poder aquisitivo – a inquestionável inversão de valores aqui presenciada acentua a desigualdade de renda e o preconceito. A contaminação da infância e juventude por essas conseqüências indesejáveis tem sido motivo de discussões em todo o mundo.
O bombardeio publicitário a que somos diária e involuntariamente submetidos é apresentado como uma das causas principais para o consumismo arrebatador que marca a geração vigente, tendo como características o apelo emocional, imagem ilusória, potencialização dos benefícios e uso de personalidades famosas como meio de sedução popular. Contudo, ceder ao marketing é uma decisão facultativa, sendo responsabilidade familiar administrar a forma com que os filhos reagem às propagandas. O baixa capacidade crítica, o conformismo e a futilidade contribuem para a construção de uma população jovem gradualmente mais consumista e insustentável.
O ilusório aumento da classe média brasileira, característica justificada pela discrepância de valores que a caracterizam se comparados com os de outros países, causa a falsa sensação de poderio aquisitivo, estimulando a compra. O que por um lado movimenta a economia, traz péssimos efeitos, fazendo crescer em velocidade assustadora o números de brasileiros endividados. A popularização tecnológica agrava o fato, com um crescente geração conectada e, consequentemente, com maior acesso a anúncios e produtos que fascinam e enganam o consumidor.
É interessante observar que, estatisticamente falando, a condição econômica de alguém é inversamente proporcional a atribuição feita por essa aos valores morais e éticos. Esse descontrole emocional culmina numa geração fraca, despreparada para lidar com os problemas que possam surgir e essencialmente materialista.