Não é Cobalt ... o assunto é Cobal ...

Na esteira do carro modelo “Cobalt” da Chevrolet – que alguns preferem reportar como “General Motors” porque acham mais “chique” , me veio à memória a antiga Companhia Brasileira de Abastecimento ou simplesmente “Cobal”, uma rede de supermercados do governo que fez parte do cotidiano dos brasileiros que hoje contam com cinqüenta ou mais anos de idade...

Para os que fazem apologia da liberdade de mercado e alguns até manifestam saudosismo pelo regime militar , é bom lembrar que em poucas outras épocas história do Brasil foram criados ou mantidos tantos elefantes brancos e cabides de emprego que consumiram alguns milhões dos cofres públicos.

Mas há quem prefira ler a história ao tempero de suas preferências, como se o exame sociológico e científico da história fosse análogo ao sentimento de quem torce por um time de futebol ...

A verdade é que no delírio de uma ditadura que não permitia que fossem discutidos seus atos – levava-se à prisão quem iniciasse um debate – foram gerados ou mantidos em funcionamento entidades e órgãos públicos jurássicos, verdadeiros “dinossauros” gestados por mentes delirantes . Um desses elefantes brancos foi a ‘COBAL’ , que foi imaginada como sendo uma espécie de “Carrefour” da ditadura ...

Uma empresa pública de varejo – engessada como tudo o que cerca a emperrada máquina estatal – para concorrer com a visão sempre “aguda” e ousada dos empresários da livre iniciativa , só poderia render como resultado previsível e lógico a falência ...

Claro que não com essa nomenclatura de “falência” – porque só se submete à realidade falimentar o empresário privado – ao passo que com as irresponsabilidades frente aos cofres públicos quem banca o prejuízo sempre é o contribuinte .

Certo, contudo, é que a rede de supermercados do governo fechou suas portas com o matiz do fiasco ... lembro que eu era menino e fui testemunha de armários e prateleiras vazias - funcionários de braços cruzados – face à ausência de mercadorias e produtos numa época em que existia até o chamado “ágio”, com inflação disparada . Tempos de outros delírios como congelamento de preços, etc e tal ...

Outros monstrengos foram extintos depois pelos governos democráticos , mas aqui hoje coube-me apenas lembrar da rede de supermercados COBAL , que nada tem a ver com o moderno “Cobalt” da Chevrolet ...