Avanço tecnológico e crise de comunicação no mundo.
Gostaria de compartilhar a minha impressão pessoal sobre a crise de comunicação no mundo, descrevendo as minhas impressões sobre as mudanças que perpassam sobre as instituições de um modo geral, inclusive influenciando comportamentos humanos historicamente definidos.
As tecnologias de informação evoluíram bastante. Hoje não se pode mais falar em monopólio de uma fonte de informação, embora percebe-se o avanço de mídias de entretenimento que possibilitam não apenas o acesso aos dados, mas também a possibilidade do homem de criar um microcosmos de suas experiências e que podem ser compartilhadas com outras pessoas digitalmente através de um simples login.
Assim é possível evidenciar que nesse novo século as tecnologias de massa terão que se remodelar para fins de se ajustarem frente a uma sociedade que não apenas necessita de informações atualizadas, mas que sente uma profunda vontade de se fazer presente e de se sentir integrante e agente das transformações globais. Talvez essa atitude tenha como escopo suprir um certo vácuo de solidão e infelicidade que atravessa a geração coca-cola, se contentando com a mera perspectiva de acesso ao reino digital construído por cada cidadão dessa geração.
Surgem mecanismos operacionais para novos agrupamentos coletivos, embora infelizmente grande é o abismo existente para se falar ainda em restabelecimento de laços de solidariedade e de afeto, com o condão de transcender os limites da simples conivência dentro de um ambiente cibernético. De que valem os fóruns de discussão e as comunidades das grandes redes sociais sem o calor humano do companheiro de vida e sem a risada e os gracejos melindrosos e espontâneos capazes de criar uma atmosfera de amor filial?
O entretenimento é uma poderosa ferramenta de criação de laços artificiais, pois aparentemente a gente consegue iniciar um contato com alguém distante, trocar algumas idéias e fixar programas, Mas de que serve a tecnologia se ela não é capaz de reproduzir a relação de afeto e de respeito que depende de uma relação de convivência harmoniosa entre as pessoas e de um querer bem que ultrapassa a relação materialista e individualista? De que adianta os homens poderem se falar por chat, se a Babel decorrente das barreiras egoísticas dos indivíduos ainda impede que eles vejam os outros além das informações de seu perfil?
Não é fornecendo pura e simplesmente acesso à midia que é possível que o amor se manifeste de maneira inconteste e a consciência de cidadão se amplifique em direção a uma sociedade mais fraterna. De todo modo enfatizo que a felicidade construída dentro de uma coletividade depende de uma série de fatores que se contrastam com a atmosfera da Era Digital e que muitas vezes impede a tomada de um olhar crítico da conjuntura social, considerando os interesses imbricados e em conflito.
O poder passa a se remodelar assumindo uma forma difusa e complexa que dificulta o âmbito da ação imediata. A medida que as desigualdades aumentam, os potentados desenvolvem métodos mais sofisticados de disciplina e alienação. Alienação oriunda da falta de educação de qualidade, da falta de relações familiares pautadas no respeito aos bons valores e também da falta de incentivo à persistência aos projetos de vida para atender as necessidades paliativas do mercado.
A concentração de riquezas anima as iras da população jocosa de uma distribuição mais paritária de bens. Desse ímpeto frenético o cidadão descobre a força da ação e do impacto da coletividade que se arma para enfrentar os inimigos ocultos e poderem assegurar uma imagem translúcida de futuro. Esse é um quadro que aponta uma transformação no cenário. Dela nascem possibilidades. Uma delas seria a dos homens se reunirem para implantar uma sociedade calcada na divisão coletiva de bens redistribuindo-os do domínio dos senhores sem face, que se articulam através de entidades paquidérmicas múltiplas e entrelaçadas por uma rede de convênios e fraudes as mais diversas.
Outra seria criar uma espécie de realidade artificial aonde os homens aprenderão a viver ”para si” para continuar vivendo a ponto de esquecer que aquilo que a vida tem de melhor reside na saudade que a nossa passagem deixa para o coração daqueles que se abriram para nos conhecer enquanto parceiros de vida e irmãos jungidos sob o manto da identidade. Nesse tipo de mundo o Estado oferecerá regalias, benesses para os bons garotos e súditos que melhor se comportarem e seguirem na sua vidinha para si mesmos. Serão tempos que os homens lembrarão das suas lutas em seus livros de história, orgulhosos do plano de Governo de coalizão que retomou as rédeas da economia. O ”cinto” que prende a fivela provavelmente será objeto de lembrança dos senhores com melhor lembrança. A vida em seu curso e suas vicissitudes animarão os filhos daqueles que empreenderam a grande luta a retomar a sua vidinha ”para si”, procurando por um emprego mais vantajoso e por novas possibilidades de lazer, alguns até mesmo se enveredando para o lado dos vícios e dos jogos.
Tempo em que a história se guarda nos aparelhos eletrônicos e que não são mais contadas em rodas animadas, abertas para o debate…