SAMPA SOB "OS OLHOS DO VIZINHO"

Tempos de eleições municipais são tempos de se repensar a cidade.

E dentro deste contexto sociopolítico uma reportagem global acaba de me surpreender: diz a notícia que arquitetos estrangeiros, mais precisamente um estadunidense nova- iorquino, foram convidados para diagnosticar a dramática situação urbanística de Sampa.

"Alguma coisa aconteceu no meu coração" quando vi a reportagem.

Ora pois, então precisamos de olhos internacionais para cuidarmos da nossa casa, para analisar os nossos problemas de enclausuramento urbanístico, como se não tivéssemos grandes urbanistas autóctones, justo aqui em São Paulo uma das megalópoles teoricamente mais desenvolvidas do mundo?

Que mania chata essa de valorizarmos apenas o que é de fora!

No País de Niemeyer, São Paulo chama o arquiteto vizinho para nos diagnosticar: aos olhos do técnico, somos então uma cidade de grandes diferenças sociais, com incríveis contrastes urbanísticos, sem verde e digamos, eu completo de maneira nada eufemística, algo abandonada, principalmente pela atual gestão.

Segundo ele, há que se garantir a qualidade de vida harmonizada para todos os cidadãos da cidade.

HElÔOO: Este surpreendente diagnóstico teria algum ônus financeiro para os cofres da prefeitura via impostos dos cidadãos, além dos cáusticos ônus sociais?

O urbanista americano estranhou a falta de bicicletas nas ruas.

Ah, mas isso é porque não o convidaram para passear pelas Marginais dos nossos rios aos finais de semana, (já está convidado!) nas várias ocasiões em que se fecha a via de fluxo central, tampouco o levaram à avenida Cidade Jardim aonde, no último sábado em que se comemorou o dia sem carro, nada andava!

Dia sem carro e sem circulação: Dia de paralisação do direito cidadão de ir e vir!- só as ciclovias andaram mais ou menos congestionadas, mas as ambulâncias, por exemplo, pararam nas pistas.

Se o arquiteto americano estivesse por ali não acreditaria no que veria...pelas todas paralisações das grandes vias viárias literalmente paralisadas pelo nosso gestor maior. Foi assim o tempo todo da gestão dele:Duas horas para se percorrer metros, quatro anos para se percorrer pela via curta da esperança de dias melhores para a cidade.

Mas como a causa "bicicletas" é politicamente ecológica, havemos de transparecer nossos ares paulistanos de primeiro mundo preocupado com o planeta, mesmo com a vida dos ciclistas em risco permanente por falta de planejamento urbanístico de circulação para tudo.

Todavia, o diagnóstico do jovem arquiteto americano foi nítido e preciso: a meu ver e ao dele também (e isso eu percebi pelos seus assustados e arregalados olhos quando num sobrevoo ele olhava a cidade de São Paulo lá de cima) a solução para a desorganização da infraestrutura Sampista é mera questão de milagre. De santo dos bão!

Podem reunir os melhores dos nossos e dos arquitetos de todo o mundo: diagnósticos muitas vezes estão bem distante das soluções terapêuticas disponíveis...principalmente a curto prazo.

Deve ser por isso que o nosso inferno daqui está sempre cheio de boas intenções...agora vindas lá de cima mesmo, do vizinho chique.

E vamos às eleições porque o engano, muito menos os desenganos, são os únicos que aqui não podem parar...pelos próximos anos.