Foto - trapiche da Usina Termelétrica - Leandro de Souza
Este é o primeiro de uma série de cinco artigos publicados sobre o tema da vinda de um Polo Naval para Charquedas e as suas consequências para a cidade.
Todos os outros artigos da série estão aqui na minha página de textos do Recanto das Letras, no meu site www.souzaguerreiro.com e no site do jornal Portal de Notícias www.portaldonoticias, no link "Opinião".
Esquema dos artigos por conteúdo:
Parte 1 - introdução teórica do assunto;
Parte 2 - ciclos econômicos de Charquedas e o meio ambiente;
Parte 3 - o rio Jacuí e as ironias do desenvolvimento agressivo;
Parte 4 - as consequências sobre a estrutura da cidade;
Final - considerações finais teóricas sobre o tema.
POLO NAVAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - PARTE 1
Em artigo anterior sobre segurança pública, mencionei rapidamente a pressão que a vinda de um polo naval teria sobre a área abordada. Hoje pretendo discorrer um pouco mais sobre a amplitude desse fato econômico, político e administrativo para Charqueadas.
A IESA e outras empresas estão chegando. Que bom, é o desenvolvimento! Esse é o brado consensual na cidade. Mais dinheiro e mais emprego para todos. O desenvolvimento é sempre mensurado pela ótica econômica e tecnológica, pela sua capacidade de produzir riqueza e emprego em níveis quantitativa e qualitativamente superiores. Como ninguém vive sem dinheiro no sistema capitalista é “natural” que o senso comum repercuta em consonância com essa realidade prática, até porque viver é sobreviver, antes de tudo. E não serei eu a negar isso.
Mas uma questão que a atualidade não nos deixa mais esquecer é a do desenvolvimento sustentável. No início da Revolução Industrial os temas foram o desenvolvimento econômico e tecnológico com justiça social, o que gerou toda uma gama de acontecimentos políticos e sociais ligados estritamente a luta política da então emergente classe operária por melhores condições de renda e de trabalho. Não bastava o desenvolvimento, ele teria de ser socialmente justo, para todos os segmentos socias, não somente para governos e detentores do capital e dos meios de produção. O século vinte foi marcado por essa ótica e, de certa maneira, esse problema foi resolvido.
No século 21, com a pressão demográfica do aumento geométrico da população mundial, o desenvolvimento econômico e tecnológico tem que reproduzir-se a fim de aumentar a produção de riquezas e atender as demandas sociais. Onde não consegue temos a exclusão social e, a partir dela, todos aqueles problemas que o francês Émile Durkheim, o precursor da sociologia como ciência e disciplina universitária, conceituou como “anomia social”. E Durkheim foi um cientista do século XIX referia-se aos efeitos do desenvolvimento socialmente injusto. Entretanto, a anomia que nos preocupa no momento é a da natureza, o desenvolvimento tem de ser ecologicamente sustentável.
Ao reproduzir-se para satisfazer as crescentes demandas sociais o desenvolvimento econômico e tecnológico afeta negativamente os recursos naturais do planeta. É o “cachorro correndo atrás do rabo”, o “cobertor curto”, o “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Ilustrativa a respeito é a entrevista do doutor em sociologia Pedro de Assis Ribeiro de Oliveira para a revista Sociologia (Editora Escala) de julho: “Há uma contradição, que a meu ver é insuperável. Há três séculos a crescente produção industrial vem exaurindo reservas de água, terra agriculturável, energia e minerais e despejando poluição nos mares, solos e ar; mas só recentemente a Terra começa a apresentar claros sinais de perda de vitalidade. Ainda que a produção regredisse aos índices pré-industriais – coisa impossível, devido ao crescimento populacional – os danos já causados levariam muito tempo (para o padrão humano) a serem reparados. Ou seja, paira sobre a espécie humana a ameaça de uma grande catástrofe.”
E Charqueadas? Terça-feira que vem, na segunda parte deste artigo, pretendo falar especifica e concretamente do caso local, a partir dos pressupostos acima mencionados.
Este é o primeiro de uma série de cinco artigos publicados sobre o tema da vinda de um Polo Naval para Charquedas e as suas consequências para a cidade.
Todos os outros artigos da série estão aqui na minha página de textos do Recanto das Letras, no meu site www.souzaguerreiro.com e no site do jornal Portal de Notícias www.portaldonoticias, no link "Opinião".
Esquema dos artigos por conteúdo:
Parte 1 - introdução teórica do assunto;
Parte 2 - ciclos econômicos de Charquedas e o meio ambiente;
Parte 3 - o rio Jacuí e as ironias do desenvolvimento agressivo;
Parte 4 - as consequências sobre a estrutura da cidade;
Final - considerações finais teóricas sobre o tema.
POLO NAVAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - PARTE 1
Em artigo anterior sobre segurança pública, mencionei rapidamente a pressão que a vinda de um polo naval teria sobre a área abordada. Hoje pretendo discorrer um pouco mais sobre a amplitude desse fato econômico, político e administrativo para Charqueadas.
A IESA e outras empresas estão chegando. Que bom, é o desenvolvimento! Esse é o brado consensual na cidade. Mais dinheiro e mais emprego para todos. O desenvolvimento é sempre mensurado pela ótica econômica e tecnológica, pela sua capacidade de produzir riqueza e emprego em níveis quantitativa e qualitativamente superiores. Como ninguém vive sem dinheiro no sistema capitalista é “natural” que o senso comum repercuta em consonância com essa realidade prática, até porque viver é sobreviver, antes de tudo. E não serei eu a negar isso.
Mas uma questão que a atualidade não nos deixa mais esquecer é a do desenvolvimento sustentável. No início da Revolução Industrial os temas foram o desenvolvimento econômico e tecnológico com justiça social, o que gerou toda uma gama de acontecimentos políticos e sociais ligados estritamente a luta política da então emergente classe operária por melhores condições de renda e de trabalho. Não bastava o desenvolvimento, ele teria de ser socialmente justo, para todos os segmentos socias, não somente para governos e detentores do capital e dos meios de produção. O século vinte foi marcado por essa ótica e, de certa maneira, esse problema foi resolvido.
No século 21, com a pressão demográfica do aumento geométrico da população mundial, o desenvolvimento econômico e tecnológico tem que reproduzir-se a fim de aumentar a produção de riquezas e atender as demandas sociais. Onde não consegue temos a exclusão social e, a partir dela, todos aqueles problemas que o francês Émile Durkheim, o precursor da sociologia como ciência e disciplina universitária, conceituou como “anomia social”. E Durkheim foi um cientista do século XIX referia-se aos efeitos do desenvolvimento socialmente injusto. Entretanto, a anomia que nos preocupa no momento é a da natureza, o desenvolvimento tem de ser ecologicamente sustentável.
Ao reproduzir-se para satisfazer as crescentes demandas sociais o desenvolvimento econômico e tecnológico afeta negativamente os recursos naturais do planeta. É o “cachorro correndo atrás do rabo”, o “cobertor curto”, o “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Ilustrativa a respeito é a entrevista do doutor em sociologia Pedro de Assis Ribeiro de Oliveira para a revista Sociologia (Editora Escala) de julho: “Há uma contradição, que a meu ver é insuperável. Há três séculos a crescente produção industrial vem exaurindo reservas de água, terra agriculturável, energia e minerais e despejando poluição nos mares, solos e ar; mas só recentemente a Terra começa a apresentar claros sinais de perda de vitalidade. Ainda que a produção regredisse aos índices pré-industriais – coisa impossível, devido ao crescimento populacional – os danos já causados levariam muito tempo (para o padrão humano) a serem reparados. Ou seja, paira sobre a espécie humana a ameaça de uma grande catástrofe.”
E Charqueadas? Terça-feira que vem, na segunda parte deste artigo, pretendo falar especifica e concretamente do caso local, a partir dos pressupostos acima mencionados.
Artigo publicado no jornal Portal de Notícias em 28.08.2012
http://www.portaldenoticias.com.br/Colunas/jo%E3o/index/jo%E3o.htm