De deusa a oprimida

Era neolítica, nesse era o tempo em que a mulher possuía um lugar central na sociedade, nessa época, os seres humanos viviam da caça de animais pequenos e da coleta. Como não havia a necessidade de força física para realizar esses trabalhos as mulheres podiam trabalhar como qualquer homem.

Não só na era neolítica, mais também em outras civilizações antigas, o papel da mulher como doadora da vida era reconhecido, temos como exemplo as divindades: Geia tida como a deusa mãe pelos gregos, segundo eles ela foi à criadora de tudo, e também do primeiro ser habitante da terra; Isis deusa egípcia, esposa e irmã de Osíris, deu a luz ao sol.

Mas com o passar do tempo a terra vai passando por transformações climáticas, o que faz com que os humanos comecem a precisar a usar a força física para sobreviver, já que a caça que antes eram de animais de pequenos portes, agora passa a ser de grandes animais, então o homem passa a ser colocada a frente da mulher, mas quando esses povos antigos que antes eram nômades começam a se fixar em um único lugar, começam a surgir os estados, e os homens vão lutar por território, é que ganham de vez o lugar principal na sociedade.

A mulher passa a ter o papel de ficar em casa para cuidar dos filhos e de auxiliar o homem. Desde então é passado para as gerações descendentes os valores masculinos, deixando de lado a mulher.

A partir dessa mudança, é muito raro encontrar mitos onde as mulheres apareçam como divindades principais, às deusas, antes cultuadas, passam a ser apenas uma parte da história dando lugar a religiões monoteístas, onde há um único deus, uma única divindade masculina.

Indo mais a frente, chegamos à idade média, nesse tempo a mulher passa a ser vista pela sociedade como a responsável pela entrada dos males no mundo através da figura pecadora de Eva; também é na idade média que surge a caça as bruxas, e muitas mulheres são torturadas e condenadas à morte por toda a Europa. Um livro da época o Malleus Maleficarum, diz que as mulheres eram agentes do demônio, auxiliares na ação do maligno contra os homens. O livro deixa clara a importância que se tem que dar quando o bruxo é do sexo feminino, perigo ainda maior para a sociedade.

Um exemplo de mulher que viveu essa época é Joana D’Arc, a jovem dizia ter visões de santos pedindo que ela ajudasse a libertar a França da opressão inglesa, Joana então se vestiu com roupas masculinas e lutou como um soldado, após conseguir ajudar a França, Joana foi julgada por ter usado roupas masculinas e ter feitos blasfêmias ao dizer que tinha visões divinas, condenada, foi queimada viva em praça pública, até hoje a imagem de Joana como heroína, Bruxa ou Santa é usada por muitos.

Fora da idade média, vamos para o renascimento, nesse período ainda é possível ver marcas medievais, mostrando ainda a mulher como inferior ao homem, sendo tratada como “escrava”, sempre pronta para obedecer, por isso não podia ter nenhum cargo de poder.

Surgem no século 17, três intelectuais de Veneza (Itália) percussoras do feminismo, a primeira, Lucrécia Marinelli defendia a igualdade entre os sexos, e ressaltava o papel da mulher na história da humanidade, a segunda Moderata Fonte, lutava contra os maus tratos as donas-de-casa daquela época, a terceira, Arcângela Tarabotti denunciava a inferioridade da mulher e a sua falta de liberdade.

As mulheres começam então a ver como passaram tanto tempo sendo oprimida por uma sociedade machista. Chega então o século 18, e com ele a revolução francesa, considerada por muitos estudiosos como os berços do feminismo moderno, nessa revolução muitas mulheres lutaram ao lado de homens pelo o mesmo ideal “liberdade, igualdade e fraternidade”.

Foi divulgado então que as mulheres francesas possuíam direitos iguais ao dos homens e que ela devia participar do poder legislativo do pais.

Quando estavam chegando ao fim do século 19, a sociedade se orgulhava em dizer que era liberal, mas continha a mulher, ainda a privando dos direitos a cidadania.

Chegamos ao fim do século 19 e inicio do século 20, as mulheres começa a se posicionar contra a opressão masculina e surgem então os movimentos feministas, a luta das mulheres pelos seus direitos, igualdade e por viver em uma sociedade liberta de padrões opressores baseados em normas de gênero.

As ativistas feministas tanto lutaram que conseguiram o direito ao voto para as mulheres, um crescimento das oportunidades de trabalho e um salário mais próximo ao dos homens, direito ao divorcio e direito sobre o seu próprio corpo.

Hoje, a descriminação contra a mulher e a sua desvalorização ainda existe, apesar de avanços conquistados por elas, a sociedade em que vivemos ainda é machistas e traz consigo aquele mesmo pensamento dos nossos antepassados.

Ao analisar a história percebe-se a injusta trajetória da figura feminina, de deusa à bruxa, do centro à margem, de adorada à reprimida. A mulher que outrora fora o centro de civilizações, a geradora da vida, passa a ser um “objeto” de uso masculino adquirido por meio de um contrato de casamento. A mesma sociedade que antes admirava a mulher passa a desprezá-la. Mas ao mesmo tempo vemos que há também uma luta para eliminar preconceitos e discriminações, recuperar posições perdidas, e tomar seu lugar como ser humano igual há qualquer outro. E com o passar do tempo essa situação está ficando cada vez melhor.

Ha anos atrás era praticamente impossível pensar numa mulher tendo um papel político importante dentro de um país. Hoje temos exemplos de mulheres que ocupam cargos de alta responsabilidade, como Hilary Clinton e a própria presidente Dilma Roussef, o que ainda é visto hoje como algo inconveniente por alguns pensadores machistas, há anos atrás ter essas mulheres em cargos importantes, principalmente como chefe de estado seria uma ofensa para o ego masculino.

Aos poucos a mulher vai crescendo na sociedade e buscando o seu lugar ao sol, não como dominadora ou superior aos homens, mas sim como igual. A mulher não precisa voltar no tempo e ser adorada como deusa, ela precisa ser aceita como humana, como mulher e como cidadã, que tem deveres e que precisa ter direitos.

Karina Benevides
Enviado por Karina Benevides em 15/09/2012
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