A mídia e o cipreste
Em uma manhã cinzenta, notícia da Manhã na mídia de Teresina: "Universitária é morta durante assalto"
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Conseguiram dar um banho de audiência em outras emissoras. Usaram e abusaram da comoção humana: afinal, não é todo dia que é “ceifada” uma vida em pleno desenvolvimento sócio-econômico, dentro do contexto do que nos cobra o sistema do “bem viver”.
Compartilho, como todo ser humano de sã consciência, da dor da família enlutada. Rezo aos céus para que o “animal humano” se torne menos animalesco: que seja, ao menos, uma cópia dos “seres brutos” que lutam pela suas sobrevivências.
A mídia – esse quarto poder desenfreado e enrabichado – consegue realmente mexer com nossos dogmáticos mundinhos preconceituosos: a morte do “Zé galinha’ nunca será igual à morte do ‘João Gravata’. A massa só exalta vencedores, o clamor será sempre maior diante da importância d o “Ser” como parte de uma sociedade em busca do seu espaço no tempo: “Viver é adaptar-se!”
Mas quando será que esse monstro – manipulado por mentes carentes de audiências – fará seu exame de autoconsciência? Quando o midiático apresentador,“ceifador” de cérebros, tomará consciência de que o “besterolismo televisivo” que aflora nos nossos lares sem licença prévia também ajudou a apertar o gatilho que estagnou uma vida tão digna de um futuro brilhante?
O lado mais nojento das telas coloridas: apelar para uma constituição que há muito já perdeu sua valia. Direitos iguais até na perda humana!? Senhores manipuladores de comoção: o caixão da madeira de caixa de tomate nunca terá o cheiro da madeira nobre do cipreste – mesmo que os odores, com o tempo e o mofo, se tornem iguais.
Quando a violência perder o seu limite, é preciso lembrar que, geralmente, o primeiro ato de ignorância nasce do primeiro gole da droga lícita que sustenta os programas evasivos policiais.
Infelizmente vivemos uma época em que “palhaçada e dor” têm mais audiência do que um bom livro e seu autor.