A INVENÇÃO DO AMOR (1)
SOBRE AS MULHERES
“[...] Inicialmente, essa evolução do esqueleto, que os fez progredir em direção à humanidade, teve conseqüências nefastas para as fêmeas.
A reestruturação da pequena bacia implicou num encurtamento dos diâmetros do orifício genital, o que tornou os partos difíceis e mortais para numerosas fêmeas. A seleção natural realizou a obra, e apareceram novos traços genéticos. (Assim,) as fêmeas davam à luz prematuramente filhos cujo crânio, menor, passava mais facilmente pelo orifício genital. Nem por isso as fêmeas estavam liberadas, pois os filhos prematuros exigiam cuidados suplementares durante meses, até mesmo anos. A bipedia as obrigava a segurar o lactante em seus braços ou fixá-los nas costas. Assim, elas tinham mais dificuldades em capturar animais e em prover as suas necessidades e as de sua prole. Chegaria o momento de fazer um acordo com os machos. O contrato sexual estava prestes a entrar nos costumes.
No decorrer de gerações, a seleção natural operou-se a favor dos proto-hominídeos, que copulavam durante a maior parte do seu ciclo menstrual (e não apenas no “cio”) (...) A permanente receptividade sexual da fêmea e a copulação frontal inauguraram, segundo M. Fisher, uma das mais fundamentais trocas da raça humana: o amor [...]”
BADINTER, Elizabeth. Um é o outro: relações entre homens e mulheres.