PORTA DO JARDIM DE INFÂNCIA
PORTA DO JARDIM DE INFÂNCIA
Na porta do jardim de infância tudo é alegria, regozijo! Festa da criançada eufórica que combinam pressa de sair, com entusiasmo de chegar em casa e contar tudo o que se passou na sala de aula com a “tia” e também, vontade de almoçar!
É, ainda, satisfação por parte das mamães, dos papais, dos irmãos ou dos encarregados que estão ali à espera do pupilo (ou pupila) que sairá para suprir a grande falta que estava fazendo em casa!
É de se ressaltar também a obediência de todos na formação da fila de saída, mesmo um pouco sinuosa em face da pouca experiência de cada uma das crianças. Algumas acompanham a professora na canção de despedida, outras, mais tímidas, se restringem a acomodar-se furtivamente atrás de um coleguinha imediatamente a sua frente, enquanto que outras, posicionam-se como se nada estivesse acontecendo, alheias às formalidades disciplinares da canção entoada e das filas formadas.
As filas são imensas (dependendo é claro da quantidade de crianças!) e principiam desde a salinha de aula, atravessando o grande salão da mencionada escola infantil indo até à pequena porta de saída, onde comoventes eventos (na minha visão) acontecem! ... Aliás, acho uma boa idéia o fato da porta de saída ser pequena em relação à quantidade de crianças que por ela passam. Entendo que assim elas poderão desde cedo se acostumarem a sair de um-em-um, disciplinadamente, como é feito! Caso contrário, a porta sendo maior, seria um “empurra-empurra” sem fim por parte dos mais espertinhos, querendo aproveitar “um buraco” maior, para ir-se às correrias!
E, a distribuição, na porta, feita pelas “tias” durante a saída!!! Acho esse momento um prazer inexplicável! “O fulano acompanha a mamãe que está ali!” “O sicrano vai com o irmãozinho!” “O beltrano espera aí no cantinho até que o papai chegue!” “Olha, não empurre!” ”Ei, fulano, você esqueceu sua blusa, toma!”
Mas, o mais comovente é que em casa, acredito, as crianças imitam “as tias”, repetindo tudo que ouviram e viram, simulando com o coleguinha (ou a coleguinha) uma “aula de mentirinha!” Pelo menos é a experiência que vivo com minha filhinha aqui em casa!
Que “fofura” são as crianças! Comovem, com seus trejeitos, a todos os corações. Alegra-nos mais é saber que, juntas, na mesma sala e hora, formando a festa do dia-a-dia, combinando cores, troca de palavras, troca de merendas e material (empréstimo quando falta o do outro, acredito!) com outros camaradinhas. Estão ali, naquele afável lugar, para começarem a ter as primeiras noções do saber, da experiência da vida, do convívio enturmado e da sociabilidade que hão de requerer de cada um a aplicação correta tudo o que aprenderem, no futuro, quando adultos forem.
Abençoada é a porta do jardim de infância, pois lá dentro, algo de bom está sendo esculpido em nossos filhos, em nossas crianças queridas!
Muniz Freire, outubro de 1987
Fernandinho do fórum
OBS: Este artigo foi escrito quando minha primogênita filha, Dara Garcia Lúcio, cursava o 1º período do “Jardim de Infância” e eu a acompanhava até lá, nas saídas daquele colégio, no cumprimento de uma obrigação familiar, como também observando a movimentação das crianças. Bons tempos irretornáveis!
Foi publicado em OUTUBRO/1987, no jornal “O Muniz Freire”, na gestão municipal de Renato Chrispim Aguilar.