Consultório popular de Psicologia?
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Pode ser que todos estejam certos. Pode ser até que nem se trate disto, mas fato é que necessita de reflexão. Refletir, por exemplo, acerca do que nos falta enquanto pessoas para a gente achar graça no simples fato de postar uma foto no FACEBOOK. Na verdade, “colocar uma foto” é apenas uma nuance dessa “febre” que se chama facebook - mais face do que book, mais book do que livro. Poderíamos contextualizar essa “rede social” tão poderosa utilizando o adágio popular “CONTRA FATOS NÃO EXISTE ARGUMENTOS”. Neste caso, há uma questão maior: o fato existe, mas, o que foge do contexto são os argumentos. Argumentos para alguém ficar feliz colocando uma foto no Face e se regozijar dizendo para os outros: “tantas pessoas curtiram minha foto, outras tantas compartilharam”. Argumentos também para alguém dizer, no “ar” como se fosse transmissão ao vivo: “estou indo dormir, desejo a todos uma boa noite”... Evidente que não há nada de mal nisto, mas no quesito “autoestima” bem que se pode refletir.
O Facebook, ao que nos parece, é uma boa alternativa de passar o tempo quando se está em casa. Mas, já está invadindo a vida das pessoas também fora dela, como nas baladas, na escola, no trabalho, etc. Talvez isto configure a forma gasosa em que nossas relações estão se transformando. As relações face a face ficam meio escanteadas. Os encontros de outrora estão cada vez mais escassos, as coversas “fiadas” nas esquinas mínguam, os amores são substituídos pelos ficares. Por isto e muito mais, imagino que o homem caminhe cada vez mais em direção aos ventos uivantes. Entre um facebook e um Orkut da vida, se instalam: a) as drogas; b) a falta de limites que os pais por não terem tido acesso a eles (os limites) quando jovens foram, não estão sabendo reproduzi-los com seus filhos; c) a educação permissiva demais que se alardeia como se verdade absoluta fosse; d) a escola que não tem os poderes que gostaria de tpara ser mais dura com os processos educacionais, etc.
Como vemos, contra fatos há argumentos, principalmente se os fatos não são condizentes com a realidade concreta de nossa sociedade tão totêmica e tão cheia de valores gasosos passados como se sólidos fossem. Procurar culpados talvez nem seja a saída, pois eles não estão na esquina da nossa casa, nem no shopping que seu filho frequenta. Melhor que procurar esses ditos “culpados” é cuidar, no âmbito familiar, para dar educação firme, com limites e com responsabilidades compartilhadas entre pais e filhos.
Viver sem Facebook? Não. Ficar contra ele é o mesmo que encontrar a esposa com o amante dentro de casa no sofá da sua sala e apenas trocar o sofá. O limite do senso, do bom senso e do contrassenso está dentro de cada pessoa. Filhos bem orientados até podem enveredar em atividades bandidas, consumo de drogas, etc., mas se ele for EDUCADO com seriedade e por pais presentes em suas vidas, essa chance diminui tanto que quase não existirá.
Assim, na medida em que eu não precise fazer do FACEBOOK um diário de notícias particulares, tampouco uma tribuna de “terapia popular”, ou mesmo uma forma de me realizar na relação com os amigos, nada contra. Porque nada substitui um papo na esquina, mesmo numa mesa de bar. Nada substitui as relações que se nutrem de visitas e passeios em conjuntos; nada de parabéns pelo face, pelo Orkut; nada de masturbação pela net, etc. Melhor fazer como diz o nosso Reginaldo Rossi: “cheirar o xibiu das meninas é melhor que cheirar cocaína”.
Outro dia, neste mesmo Recanto das Letras, fiz o seguinte comentário acerca do FACEBOOK:
1 ) De Deus fez-se a luz, do homem, facebook;
2 ) Todo FACEBOOK tem seu dia de ORKUT.