O ANCESTRAL
Quiblombo Urbano de Salvador-Foto LuisNasssif
75-O ANCESTRAL
Quando esteve em Salvador, há um bom tempo, no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há uns oitenta a noventa anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador.
Da Escravidão, em todos os lugares, em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social, psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea, e de tantos outros, estudiosos da Sociologia. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo a que era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, haviam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honra, orgulho, até à pessoas de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
- Pruquê nosso sinhô num pudia vendê nóis tudo junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indaga o filho que se separa da mãe, talvez pra sempre!
- A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mi zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
É justa a Compensação a este povo pelos maltratos sofridos? Acho que sim!
(De “Tempos Memoriais” - Em Preparação)
Brasília, 26/07/12 - abello