Educação na U.T.I.

O corajoso depoimento da Professora Amanda Gurgel (RN) em maio de 2011 pode ser visto no endereço:

http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA&feature=player_embedded

Em outubro de 2011 a Professora Vanessa Storrer (Curitiba) enviou carta à revista VEJA ilustrando algumas das causas que motivaram meu texto de 2001 sob o título de “falência orquestrada da Educação e da Cultura” (editado na Tribuna da Imprensa) prevendo nosso caos social completo em torno de 50 anos.

Agora em 2012, observo que os itens citados em 2001 pioraram bastante. Meu prazo caiu para 25 anos. Então posso descrever meus sentimentos sob o título:

Educação e Cultura na U.T.I.

Diferente do texto de 2003, serei mais breve.

Greves na área educacional – proliferam em maior escala e demoram mais a serem negociadas (como paliativo).

“Inserção digital” – Apesar de não possuírem discernimento para reconhecerem políticos mal intencionados, criaturas que mal sabem assinar o nome recebem oportunidade de manipular micros acreditando que navegar no Facebook, Orkut e Youtube lhes concede um diploma que os capacita para a vida produtiva.

Estatuto do menor – cada vez mais “aperfeiçoado” (chamado de “estaputo di menor” nas rodas de funk) concede aos peraltas a impunidade (nem palmadas dos pais eles podem receber) para tumultuar as salas de aulas de Professores desprestigiados e desmotivados que agora apanham sem o direito de castigar os infratores. Se os denunciar, são suspensos pela Direção.

Escolas sendo fechadas – principalmente no Nordeste por falta de alunos que estão trabalhando nas fazendas por metade de um SM (mesmo fazendo hora extra) enquanto seus pais roncam nas redes, patrocinados pelas “bolsas” que estimulam a ociosidade.

Escolas sem manutenção periódica – As que ainda abrem (quando possuem portão) são usadas para servir lanches ralos e deixarem os alunos nas sujas quadras polivalentes sem instrutores disciplinadores. Sabão foi trocado por sobra de detergente. Papel higiênico por jornal antigo.

Matrículas de alunos – sem critério de alocação de alunos que muitas vezes precisam usar dois tipos de transportes coletivos para alcançarem a escola após 2 horas de engarrafamentos.

Seleção de alunos – crianças com distúrbios neurológicos são colocadas na mesma sala com outras tidas como “normais” que fazem do deficiente motivo de chacota constante. Assim são produzidos os “matadores de Realengo”.

Trabalhos cívicos – limitam-se a decorar datas e nomes de duas ou três personalidades do Descobrimento, Independência(?) e proclamação da República. Mal sabem duas estrofes dos hinos nacionais.

Estudo da língua nativa – engolida pelos termos estrangeiros veiculados pelas empresas de propaganda. Desta forma a nossa linguagem torna-se “off road”.

Segurança nas escolas – em mais de 90% delas não existe policiamento para impedir roubo de equipamentos e comercialização de drogas. A juventude está ficando alienada com mais rapidez.

Critérios de aprovação – alunos “passam” de ano se conseguirem rascunhar o próprio nome ou comparecerem a 51% das aulas ao longo do ano. Uma grande legião de “profissionais capacitados” em formação. Provavelmente no ramo de assaltos, sequestros e correlatos.

A Cultura trilha o caminho da cova de forma similar. Com menor exposição na mídia, pois leitores de manchetes nas bancas de jornais alegam que assistir um show com um DJ alucinado de cabelos longos e 4 mulatas rebolando de biquíni é a expressão máxima da nossa “curtura”.

Teatro abandonados. Concursos literários só acontecem em localidades distantes por conta de valentes entidades que mal possuem verba para confeccionar uma medalha ao vencedor. Festivais musicais foram banidos da TV para evitar canções de protestos estilo “Chico Buarque”. Bibliotecas sendo devoradas por traças. Museus com goteiras, sem guias, iluminação de boate e com cartazes com letras menores que as peças expostas.

Tal procedimento se faz necessário para que o processo de manter o povo na obscuridade continue em andamento para gerar mão-de-obra por remuneração baixa e reeleição garantida com promessas fúteis. As elites do poder não desejam correr o risco de um despertar cívico em massa, que causará a descoberta por parte da população, do quanto foi espoliada por dezenas de anos através de impostos desumanos sem aplicação honesta.

Nossa caminhada na trilha da democracia está comprometida pelo padrão de dirigentes corruptos que poluem nosso cenário impunemente com a nossa conivência, realçada pela passividade com que aceitamos as artimanhas montadas de forma que possam perdurar no comando pelo maior tempo possível. Algo que ficou mais fácil com o advento das urnas eletrônicas “confiáveis”.

Desta forma nossa pátria vai sendo esfacelada lentamente (não tão lenta assim). Degradação paulatina das vias de educacionais, escoamento ilícito de nossas riquezas para as nações exploradoras, redução da qualidade de vida dos nativos dóceis e sem garra para defender nossa dignidade.

Diante deste obscuro cenário não dá para enxergar nenhuma luz no fim do túnel pois o mesmo desabou, descortinando um panorama repleto de adoradores do Big Besta Brasil, onde quem geme uma frase de cinco palavras é chamado de “gênio”!

Se não ocorrer uma ruptura dolorida neste processo, dentro de cinco anos deverei estar escrevendo sobre o óbito das áreas acima.

Poderosa arma

As letras são as balas do povo

A palavra, seu grosso canhão.

Se ela atinge a mosca do alvo

Liberta o destino da nação.

Haroldo P. Barboza – Matemática infantil e Informática para adultos – maio / 2012

Autor dos livros: BRINQUE E CRESÇA FELIZ / SINUCA DE BICO NA CUCA

Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço.

MANTER O POVO NA ESCURIDÃO FACILITA A REELEIÇÃO!

Haroldo
Enviado por Haroldo em 30/05/2012
Código do texto: T3696485