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DROGAS: “ONDE FOI QUE EU ERREI?”

Por Carlos Sena


 
Nós, pobres mortais, modernos, vivemos cheios de orgulhos por pertencermos a uma sociedade cercada de tecnologia por todos os lados; cercada de automatização por todos os lados; de nanotecnologia por todos os lados; de câmeras por todos os lados; de controles remotos por todos os lados; cercada de internet por todos os lados... Cercados, por outro lado, por males que nunca imaginávamos com tanta prevalência como as drogas. Elas estão em nosso convívio dizimando jovens nas mais diversas categorias sociais. Diante disto, a sociedade se acha meio que em xeque mate, como que não estando preparada para esse enfrentamento. O problema maior é que enfrentar uma situação qualquer não é difícil, desde que se tenha a certeza de suas causas para então partir para o enfrentamento. Na questão das drogas, o “caldo entorna”! Enquanto os jovens estão por ai sofrendo, enveredando por outros caminhos em decorrência da dependência química, a sociedade claudica meio impotente por absoluta falta de foco no enfrentamento. Há uma tendência natural para que se encontre, primeiro, culpados. Há, por outro lado, o preconceito se instala mais fortemente, talvez por conta de não se ter, por parte das autoridades, a exata compreensão acerca das drogas, dos drogados e dos traficantes delas.
Na parte que me cabe nesse contexto, prefiro uma compreensão social mais ao alcance do cidadão do que ao alcance dos tecnicistas do serviço público que gastam horas em reuniões improdutivas  tratando do assunto, construindo teses de mestrado e doutorado, mas sem muita capacidade intervencionista. Por isto, no meu canto, conto o que penso diante do que vivencio como profissional de gestão de pessoas e dentro da praticidade que me é peculiar. Conto, por exemplo, que dos casos de jovens drogados que tive oportunidade de conhecer, a grande maioria está ligada diretamente aos poucos cuidados que os pais tiveram com seus filhos. Dito diferente: pais que não se preocuparam em dar aos seus filhos o que eles precisavam: LIMITES. Geralmente procuraram dar o que eles, pais, não tiveram quando jovens. Erro crasso, elementar, para quem, em tempos de INTERNET, quer dar aos filhos o que não tiveram no SEU tempo. Era em que o rádio disputava com a televisão (em preto e branco) os espaços de entretenimento; em que se namorava certinho e até se casavam de véu e grinalda; em que se ouvia música de qualidade; em que só se “dormia” com a namorada ou o namorado depois de casar... Grosso modo, debito essa conta aos pais – esses que estão por aí botando filho no mundo como Deus criou batata; que posam de modernos e acham que dar limites traumatiza; que dar palmadas na hora certa penaliza a formação dos filhos; que são incompetentes até pra determinar a hora dos filhos dormirem, bem como incapazes são para dividir as tarefas da casa com eles, etc., etc., etc. Filho que passa no vestibular e ganha um carro de presente, dificilmente vai dar valor ao trabalho ou mesmo a profissão. Portanto, filho tem que ser filho e pais têm que ser pais. O papel de cada um tem que ser firme e com limites bem demarcados, porque assim tem sido sempre desde que o homem é homem. Contudo, sempre tem um contudo. O homem moderno, diante de tanta modernidade tecnológica foi incompetente para modernizar as relações. Relações entre pessoas mudam nos adjetivos, mas no substantivo permanece com pouca alteração. Afinal, independente de tipo de sociedade – se moderna ou arcaica – homem se alimenta, dorme, chora, ri, morre, casa, tem filhos, tem decepções e tudo mais como sempre terá... Dá-nos a impressão que nós, por sermos modernos, quisemos modernizar nossa essência, inclusive modificando os parâmetros da educação tradicional. Certo que ela (educação) precisava ser mudada, mas o que se fez foi uma transformação como que ignorando que tudo o que havia estivesse ruim. Tá provado que não tava. As gerações do passado – aquelas para quem a escola, a educação aconteceram na modalidade, digamos, atrasada, continuam firmes, cultuam valores éticos, escrevem bem, falam bem, elaboram bem... Há exceções, como tudo, mas no geral é uma geração bem aquinhoada no que estamos querendo contextualizar.
Certamente que precisamos de muita tinta e papel para digerir esse mal das drogas que, cada dia, tem arrebatado mais os nossos jovens, principalmente com o crescimento do temível crack. Já não bastava a maconha, a cocaína, o álcool, agora vem  o crack... Que me perdoem os pais que se sentirem nesse tear de letras, mas justiça tem que ser feita: os pais, mesmo os modernosos, mas que deram algum tipo de limite rigoroso aos seus filhos, não estão padecendo com eles em clínicas de recuperação de drogados... Muitos desses filhos, além de drogados, estão se prostituindo e até roubando, assaltando e matando gente, para manter o vício das drogas. Não adianta, prezados pais, a esta altura do campeonato se perguntarem:
“ONDE FOI QUE EU ERREI?”...