Sejamos dígnos

Para nós outros que pouco ou quase nada entendemos de política, fica difícil aceitar a enganação ou jogo do faz de conta com que nossos congressistas insistem em nos mostrar através das câmeras de TV. A sordidez é tanta que somos forçados a admitir, com repulsa e indignação, que no Brasil tudo ou quase tudo, vai de mal a prior, a julgar pelo cinismo dos componentes da CPI do Cachoeira. Se os senhores deputados e senadores sabiam que o rico depoente Carlos Cachoeira não iria responder a nenhuma pergunta, por que aceitar sua presença na CPI? Para pousar para a platéia e servir de recheio para alimentar o apetite voraz daqueles que tentam, a todo custo, de um lado, blindar o Governador de Goiás e do outro, evitar que se desmascarem os farsantes que defendem o governador do Distrito Federal? E o mensalão cantado em prosas e versos por toda a imprensa nacional, como vai ficar? Pelo que se vê e se escuta, o máximo que se pode esperar da CPI do Cachoeira é o prolongamento da chicana jurídica do processo contra ele movido na primeira vara federal, até o ponto de ser declarado inocente. É bom não esquecer que o advogado que defende Carlos Cachoeira, é o ex-ministro da Justiça do Governo Lula e para fazê-lo deve estar convicto de sua inocência ou, na pior das hipóteses, faz parte de um conluio que, sinceramente, não acreditamos e por não acreditar, somos forçados a admitir que o culpado por tamanho escândalo nacional, é qualquer outro cidadão brasileiro, o mais humilde, talvez, exceto o indiciado. Calar diante deste absurdo é no mínimo admitir a não existência de justiça neste País ou como querem nossos políticos, sejamos todos tolos ao ponto de considerá-los como exemplos de competência e dignidade. A nossa passividade diante dos escândalos administrativos e políticos desde Cabral até a Presidente Dilma, tem nos levado a acreditar ser quase impossível exercer com dignidade, o exercício da cidadania brasileira. Procuremos as brechas deixadas pelo quase e façamos valer o pouco que nos resta: Sejamos dignos, como bem diz Poncion Rodrigues Neto.

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 29/05/2012
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