DESCONFIÔMETRO
Queria poder viver em meio a pessoas inteligentes. Somente junto às pessoas inteligentes.
Não falo de inteligência simplesmente baseada em Quociente de Inteligência (QI). Até porque, essas avaliações, iniciadas lá nos idos do século V, já passaram por inúmeras modificações em seus métodos e sempre muito polemizada no decorrer dos tempos, gerando, inclusive, grandes e intermináveis discussões no meio científico/filosófico.
Não falo também de pessoas que acumulam e empilham diplomas de graduação, de pós-graduação, de mestrado, doutorado e outros quadrinhos cheios de certificados para decorar paredes vazias; tampouco falo da inteligência artificial, herança de oligarquias capitalistas, fartas contas bancárias ou herdadas economicamente.
Queria sim viver ao redor de pessoas inteligentes, medida sempre com base na praticidade do entendimento natural da coerência na lida da convivência social, do bom senso, da percepção pura e simples em termos de respeito, consideração, espaços e limites.
Queria poder descartar do meu convívio, todas as pessoas que não tenham um nível pelo menos razoável de inteligência prática e, portanto, aptos e capazes de respeitar os limites alheios. Que tenham o discernimento de entender o que é a diferença entre conquistar e ampliar seu espaço e ser espaçoso a ponto de ocupar o espaço alheio, impondo sua burra concepção de espaço; as famosas pessoas que conhecemos vulgarmente como espaçosas, ou folgadas, ou sem “desconfiômetro”.
Em outras palavras, queria que os “abusados” se distanciassem de mim, tantos kilômetros quanto necessário para que meu raio de compreensão não seja alertado pelo meu radar de intolerância, sobre a presença indesejável desses seres inconvenientes, apelidados de espaçosos, com riscos de adentrar meu espaço.
Essa do “sem desconfiômetro” é muito boa. Creio que essa gíria tem origem no fato de que existem pessoas que não tem a mínima noção de medida de espaços. Nem dos seus, nem dos espaços alheios. Claro que não existem aparelhos para medir as dimensões das pessoas inconvenientes e abusadas. Nem trena, nem paquímetro, nem mesmo um micrômetro são capazes de medir o tanto de espaço que o “espaçoso”, o “sem noção” é capaz de ocupar, na sua ridícula invasão dos espaços e direitos alheios.
Aprendi lá nos primórdios de minha formação social, que nós, seres humanos, temos como princípio das nossas necessidades, até por uma questão de sobrevivência física e emocional, a convivência social; somos seres sociáveis, aprendi. Precisamos estar permanentemente na presença de outros seres humanos. Diante dessa necessidade, exercitei durante toda minha vida o bom senso, o sentido lógico, melhor ferramenta de medida de distância do meu espaço.
Evidente que inicialmente tive que seguir algumas cartilhas ditadas pelos meus pais, que desde criança iam delimitando meus espaços e puxavam minhas orelhas ou afagavam mais fortemente minhas nádegas quando eu ultrapassava os limites e invadia o quintal alheio. Depois, o meu instinto de ser social e minha inteligência mediana, mas indiscutivelmente prática, já fui norteando meus passos pelo bom senso, pelo senso prático.
E é dessa inteligência que falo. Queria poder viver somente em meio às pessoas que tenham a inteligência prática suficiente para saber usar o bom senso e fazer desse sentido - exclusivamente humano - uma ferramenta para medir e limitar seus espaços e com isso deixar de invadir os espaços alheios a todo instante. Bem que se poderia desenvolver uma ferramenta de medida para esses abusados, que bem poderia ser chamado de “disconfiômetro”. Só não sei de deveriam ser vendidos nas farmácias, ou nos supermercados e se as recomendações deveriam ser prescritas por neurologistas ou psiquiatras.
Pensando melhor, o “desconfiômetro” teria que ser comprado mesmo a longo prazo, tipo consórcio, cuja adesão teria, obrigatoriamente, que ser feita já pelos próprios pais, de forma que a criança, já na tenra idade, fosse sendo treinado para usá-lo quando adulto. Porque depois de adulto, presumo seja impossível aprender a usar um “desconfiômetro”.
Claro que sabemos que existem aquelas pessoas que mesmo possuindo a inteligência para deduzir logicamente seu espaço, é abusado o suficiente para “fechar um olho”, dar uma de “Mané”, para ir alargando suas bundas e suas asas e ir invadindo como que “sem querer querendo” o espaço vizinho. Esses são ainda piores. Para esses me faltam adjetivos, pelo menos publicáveis num texto assim, em que o bom senso impede de expressões mais chulas, para preservar os espaços de quem venha ler e não goste de vulgaridade.
Mas, voltando ao âmago da questão e lembrando dos primeiros conceitos de avaliação de Quociente de Inteligência, quando o índice era medido unicamente considerando a diferença existente entre a idade cronológica e a idade mental, bases que foram evoluindo no decorrer dos séculos, devo dizer que talvez essa minha impertinência para com os “folgados”, os “espaçosos”, os abusados, seja consequência da minha idade já ½ centenária e calejada e intolerante com esses ET´s da minha paciência e do meu espaço, que conquistei a custa de muito exercício, esforço, respeito, bom senso e fruta da minha inteligência prática, aprimorada no decorrer da minha vida.
Embora eu seja, naturalmente e por herança da própria raça humana, um ser social, que gosta e precisa da convivência, de “gente” ao meu redor, prefiro – no frigir dos ovos – adotar aquele velho provérbio de que “melhor só que mal acompanhado”, se a ameaça for de companhia de pessoas desprovidas de inteligência social.
Evidente que esse meu repúdio pelos espaçosos, pelos folgados, tem me custado grandes inconvenientes e dissabores, mas prefiro pagar o preço de ser intolerante para com eles, do que partilhar passiva e compreensivamente das suas companhias.
Queria poder viver em meio a pessoas inteligentes. Somente junto às pessoas inteligentes.
Não falo de inteligência simplesmente baseada em Quociente de Inteligência (QI). Até porque, essas avaliações, iniciadas lá nos idos do século V, já passaram por inúmeras modificações em seus métodos e sempre muito polemizada no decorrer dos tempos, gerando, inclusive, grandes e intermináveis discussões no meio científico/filosófico.
Não falo também de pessoas que acumulam e empilham diplomas de graduação, de pós-graduação, de mestrado, doutorado e outros quadrinhos cheios de certificados para decorar paredes vazias; tampouco falo da inteligência artificial, herança de oligarquias capitalistas, fartas contas bancárias ou herdadas economicamente.
Queria sim viver ao redor de pessoas inteligentes, medida sempre com base na praticidade do entendimento natural da coerência na lida da convivência social, do bom senso, da percepção pura e simples em termos de respeito, consideração, espaços e limites.
Queria poder descartar do meu convívio, todas as pessoas que não tenham um nível pelo menos razoável de inteligência prática e, portanto, aptos e capazes de respeitar os limites alheios. Que tenham o discernimento de entender o que é a diferença entre conquistar e ampliar seu espaço e ser espaçoso a ponto de ocupar o espaço alheio, impondo sua burra concepção de espaço; as famosas pessoas que conhecemos vulgarmente como espaçosas, ou folgadas, ou sem “desconfiômetro”.
Em outras palavras, queria que os “abusados” se distanciassem de mim, tantos kilômetros quanto necessário para que meu raio de compreensão não seja alertado pelo meu radar de intolerância, sobre a presença indesejável desses seres inconvenientes, apelidados de espaçosos, com riscos de adentrar meu espaço.
Essa do “sem desconfiômetro” é muito boa. Creio que essa gíria tem origem no fato de que existem pessoas que não tem a mínima noção de medida de espaços. Nem dos seus, nem dos espaços alheios. Claro que não existem aparelhos para medir as dimensões das pessoas inconvenientes e abusadas. Nem trena, nem paquímetro, nem mesmo um micrômetro são capazes de medir o tanto de espaço que o “espaçoso”, o “sem noção” é capaz de ocupar, na sua ridícula invasão dos espaços e direitos alheios.
Aprendi lá nos primórdios de minha formação social, que nós, seres humanos, temos como princípio das nossas necessidades, até por uma questão de sobrevivência física e emocional, a convivência social; somos seres sociáveis, aprendi. Precisamos estar permanentemente na presença de outros seres humanos. Diante dessa necessidade, exercitei durante toda minha vida o bom senso, o sentido lógico, melhor ferramenta de medida de distância do meu espaço.
Evidente que inicialmente tive que seguir algumas cartilhas ditadas pelos meus pais, que desde criança iam delimitando meus espaços e puxavam minhas orelhas ou afagavam mais fortemente minhas nádegas quando eu ultrapassava os limites e invadia o quintal alheio. Depois, o meu instinto de ser social e minha inteligência mediana, mas indiscutivelmente prática, já fui norteando meus passos pelo bom senso, pelo senso prático.
E é dessa inteligência que falo. Queria poder viver somente em meio às pessoas que tenham a inteligência prática suficiente para saber usar o bom senso e fazer desse sentido - exclusivamente humano - uma ferramenta para medir e limitar seus espaços e com isso deixar de invadir os espaços alheios a todo instante. Bem que se poderia desenvolver uma ferramenta de medida para esses abusados, que bem poderia ser chamado de “disconfiômetro”. Só não sei de deveriam ser vendidos nas farmácias, ou nos supermercados e se as recomendações deveriam ser prescritas por neurologistas ou psiquiatras.
Pensando melhor, o “desconfiômetro” teria que ser comprado mesmo a longo prazo, tipo consórcio, cuja adesão teria, obrigatoriamente, que ser feita já pelos próprios pais, de forma que a criança, já na tenra idade, fosse sendo treinado para usá-lo quando adulto. Porque depois de adulto, presumo seja impossível aprender a usar um “desconfiômetro”.
Claro que sabemos que existem aquelas pessoas que mesmo possuindo a inteligência para deduzir logicamente seu espaço, é abusado o suficiente para “fechar um olho”, dar uma de “Mané”, para ir alargando suas bundas e suas asas e ir invadindo como que “sem querer querendo” o espaço vizinho. Esses são ainda piores. Para esses me faltam adjetivos, pelo menos publicáveis num texto assim, em que o bom senso impede de expressões mais chulas, para preservar os espaços de quem venha ler e não goste de vulgaridade.
Mas, voltando ao âmago da questão e lembrando dos primeiros conceitos de avaliação de Quociente de Inteligência, quando o índice era medido unicamente considerando a diferença existente entre a idade cronológica e a idade mental, bases que foram evoluindo no decorrer dos séculos, devo dizer que talvez essa minha impertinência para com os “folgados”, os “espaçosos”, os abusados, seja consequência da minha idade já ½ centenária e calejada e intolerante com esses ET´s da minha paciência e do meu espaço, que conquistei a custa de muito exercício, esforço, respeito, bom senso e fruta da minha inteligência prática, aprimorada no decorrer da minha vida.
Embora eu seja, naturalmente e por herança da própria raça humana, um ser social, que gosta e precisa da convivência, de “gente” ao meu redor, prefiro – no frigir dos ovos – adotar aquele velho provérbio de que “melhor só que mal acompanhado”, se a ameaça for de companhia de pessoas desprovidas de inteligência social.
Evidente que esse meu repúdio pelos espaçosos, pelos folgados, tem me custado grandes inconvenientes e dissabores, mas prefiro pagar o preço de ser intolerante para com eles, do que partilhar passiva e compreensivamente das suas companhias.