O Chute na Bandeira: quem é o verdadeiro vilão?
São Paulo recebeu um evento de luta livre na quinta feira, dia 24 de maio, o qual terminou numa polêmica, o tal chute na bandeira brasileira. Bem, bastou um bom pontapé no simbolo máximo da nação para que o povo começasse a vaiá-lo de forma monumental.
Bem, ele desejava ter pra si o ódio do povo brasileiro, já que vinha no papel de arrogante, pra contrapor o adversário, que era o que fazia "jogo limpo". No fim das contas, o tal vilão perdeu e o vencedor levantou a bandeira caída, dedicando a vitória ao ofendido público e povo brasileiro. O bem vence o mal, grande lição da noite.
Eis que me surge uma história de que o tal lutador que chutou a bandeira teria que pedir desculpas publicamente ou seria preso. Bem, está na lei que é proibido vandalizar o retângulo trepidante verde e amarelo, uma lei válida, patriótica. Mas havia qualquer sentido de provocação real na atitude do sujeito, ou era apenas o papel dele ser o antagonista?
Mesmo assim, foi forçado chutar a bandeira? Devolverei a pergunta: quem conhece Luta Livre? Aqui no Brasil recentemente populariza-se o MMA, com o Anderson Silva como herói máximo. Mas bem, a luta livre não tem heróis nacionais, quando se fala de luta livre aqui fala-se de Michel Serdan, Fantomas, e quer saber? São os nomes que me vem à mente agora, sujeitos que protagonizaram uma era na qual a luta livre tinha um pouco de espaço. Se ninguém conhece, como ele vai fazer o papel de antagonista sem ter um protagonista na história? O sujeito criou o protagonista chutando a bandeira e tornando-se o antagonista do próprio Brasil! Criou o protagonista no outro que nem identidade com o povo daqui tem! O show talvez tenha se tornado mais interessante quando tornou-se patriótico torcer contra o vilão depredador.
Mas igual, a bandeira foi demais. Demais é ter que ver os políticos aumentarem o salário em fatias maiores que 100%, ou ter a chance de engolir um novo código florestal absurdo. O patriotismo é lindo, válido, mas a tal indignação poderia ser melhor direcionada. Quem se preocupa se tem gente passando fome, dormindo na rua, pouco se importando se o tal lutador chutou a bandeira? O Brasil não aquece ele nas noites frias de inverno, tampouco lhe dá chance pra superar seu estado deplorável. De que vale o orgulho patriótico? Quem, dos ofendidos, bateu no peito e sentiu-se feliz por ter a miséria do lado de casa, nas ruas pedindo esmola, por ver a desgraça humana e a impunidade tão de perto, por não fazer nada a respeito, por que afinal, no Brasil nunca dá em nada.
Eu também sou patriótico, sou brasileiro e me orgulho disso. Mas o meu Brasil é um sonho, é aquilo que eu quero construir, que se baseia não num falso orgulho "pra inglês ver", mas no real potencial do país, e quando alguém tentar chutar esse sonho, pisar e tripudiar sobre ele, aí sim vou assumir a ofensa. Mas um pedaço de pano? O dia que esse pano voltar a trepidar com as vozes de um povo sonhador e indomável, ninguem jamais vai ter a ousadia de pisar na bandeira.