Guerra Sobre 4 Rodas

Dirigir tem sido uma função um tanto insalubre. Os acidentes com finais nem um pouco felizes preenchem os noticiários já saturados de histórias trágicas.

Vejo-me na direção do carro como um soldado que vai pra guerra. Para alguns, a ideia do trânsito perigoso é excitante, o tal risco de vida trata-se de uma variável inerente ao ato de dirigir. Os que põe o cinto, andam no limite de velocidade, respeitam a sinalização, quem são esses? Os babacas, os quadrados. O código de trânsito parece ser a perfeita aplicação da frase "regras existem para serem quebradas", o que convenientemente é vinculado a imagem da juventude na direção. Pois vejam, de onde saem os exemplos de

motorista, senão dos pais? O aprendizado começa quando o pai mete a cabeça pra fora da janela e sai a xingar meio mundo, ou resolve passar no vermelho, falando no celular.

Surpreende o fato de que o jovem sai da auto escola com as regras decoradas, respeita absolutamente tudo no ano de carteira provisória, e não demora um dia completo com a carteira definitiva pra andar sem cinto, ou bem acima do limite de velocidade. Um ano certo e o resto da vida errado?

Os pais sao os herois dos filhos, os exemplos. Se eles fazem, é porque pode ser feito.

O trabalho extressa, as contas pra pagar extressam, os filhos que vão mal na escola extressam, o sinal implicante que fechou bem na hora de passar extressa, o sujeito que parou no meio da rua

pra ligar pra namorada extressa, a velhinha que resolveu atravessar devagar... parecem esses problemas diários pesarem no pe direito. Quem paga por isso? As vezes uma pessoa levando os filhos pra escola.

No meio dessa historia, eis o jovem sentado no banco do carona. O que ele viu e aprendeu?

A geracao futura de motoristas precisa de melhores exemplos nas ruas. Exemplos de motoristas, não de soldados.