A tal "Humildade"...

Segundo o Dicionário Michaelis , para a Língua Portuguesa, “Humildade” quer dizer:

“ (...)

humildade

hu.mil.da.de

sf (lat humilitate) 1 Virtude com que manifestamos o sentimento de nossa fraqueza. 2 Modéstia. 3 Pobreza. 4 Demonstração de respeito, de submissão. 5 Inferioridade.”

É fato que a tal “humildade” vem sendo estimulada, exaltada, idolatrada -Salve!, Salve!-, desde épocas que fogem à lembrança de nossos mais remotos antepassados. Ela sempre foi uma demonstração de “virtude”, quando não, de obediência ao deus cristão ou a muitos dos outros que dizem existir. Outro fato é que essa tal “humildade” nunca agregou nada de bom à Raça Humana, a não ser aquela submissão ressaltada anteriormente; e, sinceramente, não consigo alcançar a pretensa vantagem em ser voluntariamente submisso, a algo ou alguém. Destarte, pensemos juntos: por quê intitularmo-nos “humildes”, quando temos o direito de perceber que somos comparativamente melhores que alguém, em algum aspecto particular?

“Soberba!”, dizem os devotos, crentes e ingênuos. Bom senso, digo eu- ladeado pela Senhora Razão-, em resposta. Não há soberba em reconhecer o quão competente podemos ser, frente a outros, na mesma seara. Qual o grande “pecado” em executar algo melhor que outro? Não percebo nenhum. Mas a quem percebe, solicito o favor de clarificar esta questão milenar.

Muitos dizem e disseram, há muito tempo, para mim: “seja mais humilde”. Sempre perguntei-me – e a aos meus interlocutores também, que nunca tiveram respostas- o porquê disso. Ora, porquê não posso reconhecer esta ou aquela qualidade em mim? Qual o problema em perceber que sou diferente de alguém ou da maioria, para melhor, em algum aspecto? Qual a “agressão” em perceber, reconhecer, agir, de acordo com a ideia e fato de que você faz algo melhor que outras pessoas?

Um campeão deveria sentir vergonha pela medalha que ostenta no peito, ou diminuir seu mérito em obtê-la? Um recordista deveria se esconder dos holofotes, ao invés de expressar todo seu orgulho por saber-se merecedor daquela atenção? Um aluno que consegue uma nota maior que os demais deveria sentir-se diminuído por ter acertado mais que os demais? Acredito que não.

A tal “humildade” não agrega nada, a não ser uma crescente, pirotécnica e -para alguns iludidos- "benfazeja" ilusão de “conforto espiritual”. Penso que há um enorme e marcante traço de hipocrisia, nesta noção deturpada: enquanto dizem-se “humildes”, seus expositores ufanam-se justamente por isso: são “melhores” que os “meros mortais” que têm a "audácia" de admitir sua superioridade, em algum campo.

Pobres “imortais”. Que tenham tempo suficiente para perceberem o quão estúpidos e obtusos são/foram, ao perderem tempo apontando, julgando e execrando pessoas que não fizeram mais que utilizar de sua Razão...

Gustavo Marinho
Enviado por Gustavo Marinho em 13/05/2012
Reeditado em 24/10/2014
Código do texto: T3665464
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