Botox ou não, eis a questão.

Recentemente a busca desenfreada por um corpo “perfeito” se tornou o motivo de uma correria sem limites, e sem barreiras por pessoas que querem o corpo desejado. Bem verdade é que não sabemos por quem realmente este corpo é desejado, se pelo individuo que não consegue enxergar os contras de uma intervenção cirúrgica como esses em seus corpos, ou pela a mídia que dita essa nova realidade.

Não se pensa nesse momento nas complicações futuras, em busca da realização de um desejo de forma imediata terminasse anulando do pensamento qualquer sombra de risco que por ventura possa existir. Mas esse desejo de um belo corpo tem sim suas complicações, mas que é pouco falado pela mídia que dita às normas estéticas que são absorvidas por essa sociedade imediatista que busca de forma acelerada e sem limites justamente os fins das causas, sem medir ou ponderar sobre os possíveis problemas. É bem verdade que a vaidade se vista dentro de um campo estético não é uma prerrogativa de nosso século, bem antes da medicina enveredar nos campos da beleza, a vaidade já se fazia presente no cotidiano de nossos antepassados. Mas essa preocupação com a aparência física tinha seus limites e se restringia a uma maquiagem, o chamado pó de arroz usado por nossas avós, essas medidas que hoje podemos chamar de medidas extremas não eram sequer pensadas, nem poderia, uma vez que estas não existiam, e são próprias de uma sociedade cada vez mais fraca de sua vontade legitima e vendida a conceitos de beleza influenciados fortemente pela mídia que diz o que é belo ou não em nossos dias atuais. E o que acontece mediante a tudo isso? Aberrações, deformidades com aval da medicina, ratificado pela maquina de produzir beleza, as investidas de marketing nesse campo são cada vez mais fortes, e tem seu público alvo mulheres cada vez mais jovens, mas porque ocorre essa distorção inversamente proporcional? As mídias em suas bem elaboradas táticas de convencimento embutem na sociedade principalmente no público feminino que cada vez mais cedo à mulher precisa se cuidar, pois a beleza é cada vez mais passageira, de forma subliminar passam a mensagem que a beleza natural é pouca, insuficiente, e que seus produtos milagrosos podem proporcionar a essas a beleza “duradoura”

Vemos hoje meninas de vinte anos ou pouco mais do que isso em uma preocupação exacerbada com uma velhice que as propagadas anunciam cada vez mais próxima. Em medida dessa forte influencia frente a uma sociedade que busca o “perfeito” custe o que custar, surgem medidas que assombram aos que no mínimo param para refletir sobre essa questão estética, se assim podemos chamar esses anúncios apocalípticos que povoam as mentes desses que temem a velhice como sinônimo de uma morte. Daí vemos coisas que não sabemos bem como classificá-las, entram em cena botox, silicone, enchimentos, lipoaspiração, redução de gordura localizada, cremes retardantes, e por ai vai, o menu e vasto e ao gosto do poder aquisitivo do cliente. Mas o que quero dizer em meio a tudo isso é que; a verdadeira beleza aquela que faz parte da essência do ser humano e depreciada cada vez mais, desvalorizada, o artificial é a bola da vez, o artificial que dure, mesmo que falso assim como os valores dessa sociedade imediatista e que seguem ainda sim de forma distorcida uma máxima de Maquiavel “os fins justificam os meios”, mas será realmente que o artificial tornou-se belo de nossos dias atuais? Temo realmente em pensar nessa possibilidade, temo em pensar que os valores de hoje são ditados não mais por um consenso de toda sociedade em um todo, em conjunto, mas por uma minoria que se autodenomina detentora da “beleza” e que esta se torne realmente o referencial de nossa sociedade, e principalmente de nossos jovens que perecem apáticos diante dessa nova ordem estética, o belo em si torno-se o feio, uma vez que é passageiro, fugaz, pouco duradouro. O artificial é o verdadeiro belo dessa nova conjectura que se instala diante dessa nova realidade, envelhecer tornou-se vergonhoso, motivo de extrema preocupação, as rugas que antes arem tidas como sinônimos de experiência e respeito hoje são vistas como sinal de desleixo, falta de cuidado e amor próprio, a solução por sua vez encontra-se nas mãos das grandes indústrias de cosméticos, que asseguram beleza instantânea e duradoura, as intervenções cirúrgicas por sua vez prometem aquele tão sonhado abdômen, aquela barriga tanquinho, o corpo sarado que os moldes de beleza atual pedem, ao mesmo tempo em que excluem, segregam os que não se enquadram dentro desses ditames que são colocados como a ultima palavra no campo da beleza estética. O próximo passo dentro dessa luta por ir de encontro ao próprio devir da vida e retardar ou até mesmo neutralizar a morte, o que não anda assim tão longe de acontecer, uma vez que a criogenia já é uma possível realidade para aqueles que temem o envelhecimento e conseqüentemente a morte. Bem, o que podemos fazer mediante a tudo isso? Ora, podemos e devemos ser seres pensantes, que se auto-afirmam, que somos consciência antes de qualquer atributo físico e que diante de todo esse bombardeio estético podemos parar e pensar até que ponto tudo isso é valido. Pensar faz bem e não se necessita de meios artificiais para isso. Pensar é necessário, silicone e botox são contingentes.

Osvaldo gomes da silva filho

di lafuego
Enviado por di lafuego em 12/05/2012
Reeditado em 12/05/2012
Código do texto: T3664339