Dia das mães
Será que uma mãe só deve ser lembrada, presenteada, por um só dia?
E os outros dias do ano? Ela não merece?
Tem um grande grupo de mães que eu conheço, que hoje estão "jogadas" num asilo, ou um termo mais moderno "casa de repouso", ou seja, nas mãos de pessoas estranhas, porque estão velhas, são pesos para família.
Mulheres que doaram suas vidas, dedicando-se nos crescimentos de seus filhos. E quando lhes falta força, saúde, quando elas mais precisam de amor, carinho, atenção, são tiradas muitas vezes de suas casas.
E pior, com promessas de conhecer um "lugar legal".
São largadas nos asilos, e muitos filhos nunca mais aparecem. Com medo de ter que levá-las de volta. Depositam o dinheiro, ou a pensão e as abandonam.
Conversando com uma freira que é responsável por um asilo, ela me falou que uma senhora veio do Rio de Janeiro, visitar o asilo, e quando eles perceberam, os parentes tinham deixado sua mala e sumiram.
Foi um trabalho encontrar a sua filha, que disse que tinha sido obrigada por seu marido em escolher, ou ele, ou a sua mãe.
Isto é um filha?
Esta senhora ainda lúcida, entrou em depressão e morreu dois meses depois.
A sua filha ficou doente, morreu logo em seguida.
No asilo que eu e meu grupo visitamos muitas mães já estão muito idosas, estas sofrem menos que aquelas que sentem-se rejeitadas pelos seus filhos.
Muitas vivem numa profunda tristeza.
Outras mães neste dia ganham presentes caríssimos, mas não são amadas, respeitadas.
Uma simples rosa, um passeio, juntos, muitas vezes deixariam um mãe bem mais feliz.
Qualquer dia do ano, se você pegar sua mãe para sair, fazendo uma surpresa para ela. Ou comprar algo que ela gosta, terá mais importância, que "só" no dia que a sociedade impõe, para vender, lucrar.
Com a minha mãe, a gente começava com uma missa, um almoço, café, muita música, dança, no fim do dia, já tinha alguém programando o próximo aniversário, em fim, outra festa, sempre com a nossa mãe presente.
Tudo era programado, com ela por prioridade, desde o local, a comida. Tudo girava em torno dela.
E a maior alegria dela era quando as despesas eram pagas também por ela. As vezes a gente aceitava, e na primeira oportunidade, aquele valor era devolvido de alguma forma. Sempre dando valor a nossa mãe.
Dona Júlia foi uma grande mãe, católica fervorosa, amava muito Jesus e sua Mãe Maria, esqueceu de si mesma, viveu sempre para sua família, e para todos que estivessem a sua volta.
Era só amor, perdão, carinho com todos.
Hoje ela não está mais conosco fisicamente, mas nos nossos corações
de filhos que foram muitos amados, tenho certeza que ela estará para sempre.
Eu e meus sete irmãos sempre demonstramos nosso amor por nossa mãe. Nos mais simples gestos, momentos, nas atitudes. Nas alegrias e tristezas, sempre juntos com ela.
Muitas vezes fomos até Nova Trento, que era o lugar que ela amava.
Uma missa na Santa Paulina. Ou também conhecer uma pequena gruta na nossa cidade. Quanto mais simples, mais ela gostava.
Ir a Cacupé, uma associação dos funcionários do Sesc, tipo um sítio, lá passamos dias felizes.
Por isso, eu sempre digo aos que ainda tem mãe viva, abrace e beije muito sua mãe, pois não sabemos quando elas irão partir.
Hoje tenho muita saudade de sentir seu contato físico, de tomar um café gostoso, de conversar sobre tudo de nossas vidas, como fazíamos sempre. Dos beijos e abraços que ela nos dava. As palavras de força, coragem, conselhos. Até as broncas, quando necessário ela tinha o direito de nos dar, e nós em ouvir e respeitar. Os pedidos de desculpa, também ela sempre que tinha que pedir, ela fazia, com mesmo amor.
Não tenho remorso de nada, pois se fiz algo que ela não tenha gostado, eu sempre pedi perdão. E tenho certeza que fui perdoada. Hoje só sinto muita saudade de minha querida mãe.
Mas tenho certeza absoluta que, mais um anjo está nos cuidando, nos abençoando sempre.
Diga a sua mãe todos os dias que ela é muito importante para você, que você a ama muito.
Para depois não ficar se lamentando.
Não entre nas estatísticas do comércio, que mãe precisa de presente caro para ser feliz.
Elas precisam sim, de amor, carinho, respeito, atenção sempre, todos os dias de suas vidas.
Nunca faça nada por obrigação, e sim por amor.
Nunca diga que ela é um problema na sua vida. Ajude a resolver seus problemas.
Não deixe que ela se sinta incapaz de fazer algo que ela goste.
Se isto a deixe triste, fale com carinho. Nunca grite.
E quem sabe um dia, seus filhos farão o mesmo com você.
Um dia uma filha pegou sua mãe, suas coisas. E estava no carro com seu filho ao lado. Notou que ele estava triste, calado.
Então ela perguntou porque ele estava tão calado e só olhando para rua.
E ele lhe disse que estava prestando atenção no caminho, para mais tarde fazer com ela o mesmo que ela estava fazendo com sua avó.