VISÃO PERIFÉRICA

VISÃO PERIFÉRICA E O MUNDO PARALELO

Estratégias de vida particular e profissional – Dentro e fora do contexto

Depois de amanhã, mais um feriado e dizem ser o dia em que prestamos nossas homenagens ao trabalhador.

Do alto dos meus 67anos, não dá pra contabilizar o percentual exato de tempo que me ocupei trabalhando e apenas sei que o mais correto é dizer que quando não me ocupava de alguma coisa, certamente estive dormindo. Meu divã imaginário está ficando sem molejo e meu analista não aparece, talvez seja melhor eu me levantar, tomar posse do teclado amigo e algumas gavetas se abrirão e a poeira mágica do tempo poderá me fazer perceber, como se bêbado estivesse, que dois mundos existem. O dos úteis e o dos inúíteis.

Um ser humano não pode viver sem a capacidade de observação constante do que ocorre ao seu redor, em todos os sentidos. Tem que ser e estar extremamente atento a tudo. É o que alguns chamam na gíria – “antena ligada”. Apenas a morte, por ser inevitável tem um significado irrelevante nisso tudo, visto tratar-se de um ato consumado sem aviso prévio, encerrando todo processo.

Mas será que uma primeira queda mesmo que tardia, pode ser um sinal de que a tal antena estava enferrujada? Será que se eu tomasse a iniciativa hoje de montar minha auto-biografia aterrorizado pela possibilidade do famoso “súbito”, eu teria algumas amnésias? Assumiria minhas culpas, minhas omissões, ou teria coragem de pedir perdão por algo que possa ter feito errado? Feriados são assim, parecem ter sido inventados para reflexões. Daqui a pouco teremos Corpus Christi, Independência do Brasil (uma piada), o dia da Padroeira que os evangélicos aos poucos conseguiram transformar em dia da Criança e depois dia dos mortos, para depois a gloria de comemorarmos o nascimento do Salvador. Aquele que até hoje não salvou ninguém de nada.

Eu diria que disciplinar a mente para um comportamento preventivo poupa desgastes físicos e mentais e nos deixa mais organizado para enfrentar o dia a dia e evitar reflexões desagradáveis. A rotina, um problema sério para muitos que não sabem definitivamente lidar com ela, pode causar estragos irreparáveis. O que quero dizer é que em tudo na vida, você tem que estar atento e aproveitar a oportunidade e não agir como certos goleiros que pulam na bola atrasados e pela imagem da TV, você vê claramente que isto ocorreu. Nas atividades rotineiras de nossas vidas isto não pode acontecer com freqüência, pois a cada perda contabilizada, sua carga de motivação se tornará cada vez menor. É sempre bom, fazermos na vida particular, a exemplo do que ocorre na rígida disciplina militar, alguns treinamentos simulando situações pelas quais não gostaríamos de passar. Mas simulações não podem ser traumáticas e mal planejadas, não podem ser irresponsáveis.

Assim, ser um preventivo pode facilitar a seqüencia de passos sempre à frente, largos e firmes, mas como encarar a primeira derrota se ela não faz parte da lista de ocorrências previsíveis? E como é que se pode brincar com sentimentos humanos ou ter a pretensão de imaginar que tudo tem que ser de acordo com os seus anseios e planejamentos?

Não adianta ser preventivo em ocasiões onde a incoerência ou assédio de um terceiro desmonta ou modifica todos os objetivos e a atitude em si. Como observador atento, tenho sido testemunha ocular de variadas situações e podem crer os leitores, existem pessoas que agem normalmente, compram, vendem, são corretíssimas com seus compromissos mas a tecnologia por exemplo, passa longe.

Elas vivem como se o computador fosse um objeto do mal surgido do mundo das trevas e permanecem trancadas em um mundo paralelo. Permanecem não alinhadas, nos dão muito trabalho e são motivo de chacotas. Por exemplo, não se adaptar e não ter um simples telefone celular. Não gostar por exemplo de um telefone sem fio dentro de casa. Alguns comerciantes por exemplo, bem sucedidos, não sabem ainda abrir um e-mail ou usar um computador. Eles querem um boleto bancário, sabem que possuem um compromisso vencendo e querem a solução imediata, e até mesmo um simples fax que surgiu há mais de 20 anos e que você compra hoje por uma bagatela de dinheiro, eles se dão ao trabalho de ter. Resultado, eles ficam totalmente dependentes de terceiros para cumprir a agenda seja comercial ou privada e se tornam ranzinzas, envelhecem antes do tempo.

De nada lhe servirá um veiculo possante, com pneus novos, troca de óleo rigorosamente nos prazos previstos, freios revisados e correr a 400 kms hora, como fazia Airton Sena como profissional de formula I e no desenvolver da curva, o apagão. São exemplos de pessoas que vivem a tecnologia avançada, mas saem pelo acostamento da vida que eu chamo aqui de mundo paralelo, uma visão distorcida da realidade, alguns em busca de adrenalina e outros pedindo pra morrer vivendo um descompasso inexplicável.

A faixa branca de pedestre, não é uma garantia de que você chegue ao outro lado da rua com vida. É preciso pois, ao usá-la, certificar-se que os veículos tenham ou estejam totalmente parados e mesmo assim, ao passar tenha certeza que por ali não aparecerá de repente um motoqueiro ou um ciclista irresponsável, mas existem pessoas que parecem não ter essa consciência. Atravessam aquela demarcação de tinta branca, como se estivessem flutuando numa terceira dimensão, no seu mundinho pequeno, dominado pela inconsciência plena.

Portanto, se você for preventivo poderá prorrogar seus dias de vida e seguir o refrão do “quem sabe faz a hora” que eu não me canso de repetir aqui..

Não acredite em destino. Não acredite jamais que o seu momento está escrito e que a sua hora chegou.

Lute sempre contra essa premissa ignorante. Mas... se acontecer não terá importância alguma, você nunca vai saber mesmo qual foi a sua data de validade. Portanto, comemore enquanto puder carregar o crachá com data de vencimento em branco entre os sete bilhões de seres vivos que agitam o planeta terra.

E desista da auto-biografia, pois melhor mesmo e mais sensato permitir que após o “súbito”, façam-na por você, pois uma auto-biografia é como um testamento: Se você o revelar antes vai haver reclamação e se guardá-lo a sete chaves não vai agradar do mesmo jeito.

Que possamos amanhã chorar os nossos mortos mais recentes e mais distantes, não necessàriamente nessa ordem e que possamos brindar a vida daqueles que habitam o limbo, ou seja, o mundo paralelo, pelo qual jamais quero passar, pois detesto transitoriedades.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 28/04/2012
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