Desde o início dos tempos, quando tudo ainda era inóspito e jurássico, o homem já sentia a necessidade de acompanhar a mudança do seu entorno. Para sobrevir ao frio agudo, proteger-se das ferras violentas e para conquistar comodidade e praticidade o homem descobriu o fogo. Esse mesmo homem inventou a roda e foi possível deslocar-se avançando os seus “tentáculos” para outros lugares. Criou as embarcações vencendo a fúria do mar, descobrindo novas terras e povos. E achando pouco, o homem foi à lua, e ainda hoje, viaja por culturas e civilizações apenas com um clique. E nunca mais parou.

Esse é o homem filho da Era da Informação. Criatura pertencente à modernização, mudado e influenciado por todos os aparatos tecnológicos que condicionam o pensar, agir, as relações e as necessidades deste homem da nova era.

Olhando para o passado, especificamente no ápice da Revolução Industrial, sentiremos o peso da atmosfera ávida por avanços tecnológicos, lucros e vertiginosa produção. Toda essa dinâmica tinha obrigatoriamente que corresponder a essa nova linguagem, custasse o que custasse. A ciência e a tecnologia da época eram servas obedientes ao supremo sistema econômico, não importando se a vida cósmica e humana era dizimada.

Esse modelo iniciado no passado se estendeu, correu toda a história, ganhou maiores dimensões e foi chamado de liberalismo. Hoje é o atual sistema neoliberal de globalização econômica, onde a pessoa humana não passa de um cordel manipulado pelas leis do mercado capitalista. Fomos tragados por uma sociedade excludente onde cabem poucos, onde só os filhos da modernização, detentores do poder e íntimos dos códigos eletrônicos e hitech (alta tecnologia) poderão sobreviver.

Parece-nos exagero e pessimismo, mas o fato é que se observarmos nossos lares, os ambientes de trabalho, os brinquedos das crianças, os desenhos animados e boa parte da programação televisionada, enxergaremos as teias da tecnologia nos dizendo e convencendo-nos de que “não pensamos, logo não existimos” sem os avanços da modernização.

Definitivamente um outro mundo é possível. E isso acontecerá à medida que colocarmos a economia, a ciência e a tecnologia no seu devido lugar: a serviço da vida de todos e da natureza. A serviço de um ser humano-comunidade que procura no outro a condição de sua existência enquanto sujeito. Que nega o individualismo e o discurso triunfalista do mercado e da acumulação pessoal de capital. Que percebe na morte do outro e da natureza a sua própria morte.

Não somos “engrenagem de uma máquina”, somos seres pensantes e comunitários, construtores de um mundo capaz de valorizar a dimensão ética do desenvolvimento econômico, social e político em harmonia com a natureza. Somos atores e promotores de mudanças radicais a favor da vida humana em toda a sua plenitude.


 
Referências:
 
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis, Rj: Vozes, 1999.
 
RICHARD, Pablo. Força ética e espiritualidade da Teologia da Libertação no contexto atual da globalização. São Paulo: Paulinas, 2006.
 
 
 
Imagem/Fonte: Google Imagem
 
 
Toni DeSouza
Enviado por Toni DeSouza em 21/04/2012
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