MEMES, ESTÚPIDOS MEMES!

Há algo de podre na internet. Trata-se de uma tendência muito forte no Facebook e em outras redes sociais, sob a forma de uma linguagem ridícula, simplória, de humor duvidoso e que pode ser adaptada conforme a situação. Os personagens que compõem essa moda podem ser pessoas de verdade ou desenhos toscos, aparentemente feitos de forma displicente em algum Paint ou Corel Draw, que combinam muito bem com o linguajar empobrecido. Não obstante seu grau de imbecilidade, essa moda agrega fãs de várias camadas sociais, que, ao recorrerem a ela a todo o momento, aparentam até mesmo não saberem mais se expressar de uma maneira digna. Dado o caráter da atual web (2.0, onde o conteúdo é colaborativo), essa praga se alastra igual a formigas no açúcar.

Sim, amigos, estou me referindo aos memes de internet. Aquelas ilustrações estúpidas, debochadas e mal desenhadas que poluem a web a cada dia que passa. Ao acessar redes sociais como o Facebook ou blogs de qualquer tipo, além de me deparar com conteúdos divertidos e criativos, de humor inteligente, também sou obrigado a conviver com sandices como “você está fazendo isso errado”, “lol”, “fuck yea”, “que tipo de bruxaria é essa”, “me gusta”, entre outros. As pessoas reutilizam estes memes à exaustão, nas situações mais variadas e me dão a impressão de que emburrecem sem perceber. Qualquer coisa se torna engraçada e bonitinha, por mais tosca e mal-acabada que possa ser, na verdade.

O que me dizem da tal Luísa que foi para o Canadá? De repente, por causa de um comentário levemente bem-humorado dito em uma propaganda de imóveis, todo mundo repete isto em seus comentários de redes sociais, como se fosse a piada mais engraçada da face da Terra. O efeito dominó é tão impressionante que os internautas assemelham-se a crianças em idade pré-escolar, que fazem questão de repetir para a mamãe e para o papai tudo o que ouviram da “tia” e dos coleguinhas. Para não dizer que não falei das flores, ainda temos aquele vídeo caseiro do “para nossa alegria”. Minha Nossa, que coisa horrorosa! Três cidadãos, certamente sem nada de útil para fazer, resolvem exibir suas cáries e banhas em uma cantoria desafinada. Será que alguém pode me responder o significado desta insanidade? Não consigo atribuir um motivo mais plausível ao sucesso do trio do que o grau de ignorância que cresce a olhos vistos entre os internautas modernos. Todos parecem obrigados a gostar das mesmas coisas e usá-las em todos os compartilhamentos, sem se dar conta da baba elástica e bovina que pende de seus lábios, para citar o genial Nelson Rodrigues.

O jornalista Celso Nascimento está coberto de razão. Nós realmente já fomos mais inteligentes. Adotando nosso país como exemplo, em vez de recorrerem às redes sociais e aos blogs para discutir a política nacional, debater ideias sobre melhorias na saúde, na educação e na segurança, para assim tentar estabelecer algo realmente útil à nação, os brasileiros preferem brincar de papagaios-de-pirata. Alguém cria, outros compartilham e todos curtem e comentam o mesmo assunto, com o mesmo meme, com a piada se repetindo à exaustão. Isso até aparecer outra coisa, em uma repetição desse ciclo. E assim segue o pastoreio deste rebanho acéfalo. Completamente sem rumo, meus caros.

Tudo começou com as abreviaturas e simplismos do “internetês”, sob a justificativa de agilizar a comunicação. Mais tarde, isto se transformou em desculpa para os erros de ortografia mais comuns do que na era pré-internet. Agora, já estamos na era dos memes e sua pobreza de conteúdo! Mas tudo bem. Muito em breve teremos mais uma estupidez que inundará a World Wide Web.

Andre Mengo
Enviado por Andre Mengo em 20/04/2012
Reeditado em 02/05/2012
Código do texto: T3623678
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