LUIZ ANTONIO BARRETO
Sergipe anota nas páginas de sua história um dia nostálgico, um dia de perda incomensurável. Vai demorar até que outra estrela da mesma intensidade que a de Luiz Antonio Barreto surja sobre nossas cabeças, nos céus deste estado que tanto amou e cujas histórias sabia de cor e fez correr pelo talento de seus dedos finos. Foi um intelectual que contou a história de Sergipe como se executasse uma peça ao piano.
A impressão que se tinha ao ouvir as exposições de Luiz era a de que ele havia vivido na época sobre a qual discorria e que, por exemplo, andou pelas ruas de Estância, conversando animadamente com o Imperador Dom Pedro II e sua comitiva, como velhos e bons amigos.
Também teria estado presente às manifestações populares prestadas ao monarca quando do seu desembarque em Aracaju, na Ponte do Imperador. Esteve diante dos palanques onde discursavam antigos presidentes da província de Sergipe D’EL Rey, documentou pessoalmente as rebeliões, enveredou com Lampião e seu bando pelas caatingas. Ah, também viu Fausto Cardoso ser assassinado em praça pública. Era um filme que ele fazia passar diante de nossos olhos e dentro de nossas mentes. Muitas vezes o vi fazer delirar e prorromper em aplausos os frequentadores das sessões da Academia Sergipana de Letras.
Quando se referia a Tobias Barreto de Menezes e a Sílvio Romero tinha-se a certeza de que andaram juntos, estudaram na mesma escola, dividiram infância e adolescência, quanta intimidade e conhecimento de causa! E podia falar horas a fio, e sem anotações que o guiassem. Os ouvintes não se cansavam, mas se extasiavam diante de tanto saber e paixão pela cultura.
Luiz nasceu no município sergipano de Lagarto, em 1944, mas foi em Aracaju que se instalou e, desde jovem era uma figura que fazia parte do cenário da capital. Os seus olhos azuis se misturavam ao azul do céu aracajuano. Sempre com os livros sob os braços e participando de tudo o que cheirasse a cultura, Luiz Antonio Barreto tornou-se uma referência e uma espécie de segunda bandeira de Sergipe. Era recomendado até por quem jamais o viu pessoalmente, tanto o seu nome se impôs nesse setor da história sergipana. Estava invariavelmente disponível para atender a estudantes do ensino regular, universitários, professores, pesquisadores e outros historiadores que em suas fontes iam beber mais conhecimento.
Diretor do Instituto Tobias Barreto e membro da Academia Sergipana de Letras, exerceu posições como Secretário de Estado da Cultura, Secretário de Educação, diretor da Galeria Álvaro Santos, Assessor do Instituto Nacional do Livro (INL), Superintendente e Diretor do Instituto de Documentação Joaquim Nabuco, Diretor da Fundação Augusto Franco e Diretor do instituto de Filosofia Luso-Brasileira (Portugal); jornalista em vários jornais de Aracaju; autor de diversos livros de pesquisa; especialista em biografias. Logo integrou-se às possibilidades oferecidas pela modernidade tecnológica e publicava frequentemente na Internet. Era o tipo de pessoa que não parava de trabalhar e para onde lançava o olhar o fazia de forma investigativa.
Ficamos sem você, Luiz, mas temos a herança de sua dedicação e amor por Sergipe.