CARTA AOS PSICOPEDAGOGOS

A Psicopedagogia é uma área relativamente nova, e em ascensão, com grande visibilidade nos tempos atuais.

Entre tantos outros motivos que poderia estar aqui listando para esse movimento, esta a divulgação e a valorização do Psicopedagogo, como opção de mercado de trabalho.

Movimento este que a ABPp - por meio de seus associados e de suas diretorias vem proporcionando à sociedade.

Se, por um lado essa exposição favorece a Psicopedagogia, por outro esse movimento exige do Psicopedagogo que já está nessa jornada, um fazer responsável, como em qualquer outra profissão que se lança no mercado de trabalho preservando pela valorização da classe. Daí a incessante necessidade de todos os Psicopedagogos preocuparem-se com sua qualificação e atualização profissional, buscando informar-se cada vez mais, e sair do lugar comum, pois, partindo da inquietude e da desacomodação é que nos comprometemos por um fazer ético, e realmente compromissado com nossa proposta de trabalho.

Diante desta visibilidade é que surgem no mercado especulador, cada vez com mais freqüências, cursos usando o nome da Psicopedagogia como elemento captador de inscrições.

Parece que a Psicopedagogia vem sendo porta standart para criação de nomes de cursos que mais rotulam a Psicopedagogia descaracterizando sua proposta do que beneficiando o Psicopedagogo.

Daí a urgente necessidade de diferenciar o que é um curso de: FORMAÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO, ATUALIZAÇÃO, CAPACITAÇÃO, etc., para que não sejamos nós, Psicopedagogos os próprios a alimentar a indústria que se monta por trás da Psicopedagogia, muitas vezes sem nenhuma condição de suporte técnico ou ate mesmo acadêmico teórico, usando o nome da Psicopedagogia como carro chefe, seduzindo a população, com pouca ou nenhuma propriedade.

É necessário fazer questionamentos para saber quais os critérios e os objetivos dos cursos, para que possamos fazer escolhas coerentes com nossas necessidades.

Lançam-se no mercado, cada vez mais cursos falando das doenças da aprendizagem, dos rótulos, dos diagnósticos, das interferências, das dificuldades, das exclusões, etc. Mas esquecem-se das possibilidades de aprendizagem como se nós Psicopedagogos devêssemos apenas ser os rotuladores do processo de evolução de nossos alunos.

Educadores solicitando: diagnósticos, relatórios, pareceres. Pais se sentindo bolas de ping pong com tantas solicitações, encaminhamentos, avaliações. Professores jogando sua responsabilidade e sua autonomia de sala de aula para a equipe pedagógica, e a equipe pedagógica passando a responsabilidade para a direção escolar, como se fosse o ato de aprendizagem por si só uma doença capaz de minar o processo natural de evolução de uma criança.

Assim surgem os vários cursos no mercado:

Cursos de: xxxxx Psicopedagogia, Psicopedagogia xxxxx, Psicopedagogia, são tantas as Psicopedagogias que nos perdemos no conceito da verdadeira Psicopedagogia. Muitos deles não têm nenhum Psicopedagogo no corpo docente e se quer sabem das diretrizes que embasam um curso de Psicopedagogia, por acreditarem que o Psicopedagogo aceita qualquer curso em nome de sua atualização profissional.

Esse cenário é típico de uma sociedade capitalista que trabalha em cima da lei da procura e da oferta. Ou seja, ao entenderem de fatias promissoras de mercado, começam a lançar-se como empresários do ramo.

È diante desse cenário que o Psicopedagogo deve se responsabilizar para fazer uma mediação coerente e reflexiva sobre os reais conflitos que envolvem tanto quem aprende, quanto quem ensina e de quem se projeta no mercado de trabalho pertencente a uma categoria.

Faz-se necessário falar das possibilidades de aprendizagem, refletir sobre os conflitos intrínsecos que envolvem a escola, a sociedade e o fazer Psicopedagogico.

É preciso nos responsabilizar pela qualidade profissional, buscar fazer o melhor que possamos fazer, nos comprometer em atualizações consistentes. Discutirmos em grupos, assuntos que edificam a Psicopedagogia, tanto em relação à vida acadêmica, quanto à vida social e as novas dinâmicas familiares que se estabelecem socialmente.

Necessitamos de respaldo profissional, para que sejamos coerentes com nossa formação que muito mais que buscar rótulos, ou estigmas devem buscar soluções.

Psicopedagoga Clinica