Toque de recolher esdrúxulo
SILÊNCIO É CUMPLICIDADE TAMBÉM
O mundo dos humanos é uma enorme floresta de minerais modificados e amontoados formando moradias artificiais onde a simetria impera como reflexo de um comportamento que vai se modificando lentamente com o tempo. É o que chamamos de normalidade.
Observem que essa simetria é quebrada com traços de violência (que podem ser identificadas nas imagens que se oferecem) por aquelas comunidades onde impera a indisciplina e a irreverência, a revolta.
Importante mencionar esse quadro bem diferente de uma floresta de arvores enormes onde a exuberância da natureza fica em confronto com aquele metálico fundido com pó de pedra criado pelas mãos e inteligência dos homens. Ou não necessàriamente nessa ordem. E foi exatamente assim e exclusivamente assim, por causa dessa inteligência, que temos hoje duas “florestas”, dois mundos distintos, o dos racionais e o dos irracionais. Em nenhuma dessas florestas reina o silêncio absoluto, pois esse é uma característica dos inúteis e dos dorminhocos. A dinâmica da sobrevivência que interage nesses dois mundos é exatamente o barulho ensurdecedor que parte dos seres vivos animados que buscam na sobrevivência, instinto e o grito de guerra é a engrenagem de tudo.
O mérito dessa espetacular metamorfose, não é do carregador de pedras, mas sim daquele que diz onde colocar as pedras e para isso ele tem de quebrar o silencio. Da mesma forma, a culpa de quem atira pedras (fazendo muito barulho), muitas vezes pode ser daquele que coloca as pedras à disposição do atirador. (o autor intelectual do delito).
Esse choque de imagens, esse contraste espetacular, serve para definir o silencio. O silêncio é a pausa para meditação, é o momento solene que antecede o sono, para que seja possível a todos os seres vivos reporem as energias gastas, ou para o medo, aquele famoso “quem cala consente”.. O silencio portanto em várias ocasiões, pode ter sua utilidade.
O que não se deve admitir é o silencio continuado, pois ele pode significar a morte num sentido mais amplo. E quando ele se instala dessa maneira, num ser humano, individualmente falando, pode ser que esteja nascendo ali naquele instante, o medo, o pavor, a covardia, a rendição, a fraqueza.
O canto dos pássaros na floresta contra a seqüência harmoniosa de notas musicais dedilhadas em um piano na cidade. O barulho dos gansos e maritacas, contracenando com os das buzinas de veículos poluidores. O grito estridente dos macacos pulando de galho em galho em contraste com a tristeza que se vê nos olhos daqueles da mesma espécie trancafiados em jaulas de zoológicos.
A vida pulsa de forma muito intensa, de uma maneira ou outra, mostrando que somente o barulho, o contraste dos sons, é uma prova evidente de vida. Mas assim como existem nos rios as piranhas que ao menor sinal de sangue, devoram tudo, existem as piranhas da internet. Enquanto na floresta, os camaleões pulam de galho em galho e usam suas línguas extensas para devorar insetos, temos na internet os “cronistas de fato” um termo muito usado pela imprensa Brasileira, para definir o golpista que tirou Zelaia do poder. Esses “cronistas de fato” se revezam na busca de uma notoriedade sem sentido. Eles saíram das bocas de lobo dos esgotos do túnel do tempo e não se sabe como romperam com os lacres de segurança para habitar as frágeis grades de presídios onde habitam os traficantes de drogas e das mentiras, como foi o caso do tal Carlinhos Cachoeira aqui em Goiás, corrompendo Senador e Governador.
E é aí, nesse ponto, que conhecemos a crueldade do silencio da cumplicidade. E nesse ponto, repito, é somos obrigados a concordar de vez em quando com a utilidade do silêncio: Sabemos o nome dos cúmplices, e não podemos apontá-los. São os traficantes poderosos da mentira e da vergonha. Eles se passam por bonzinhos e inundam a comunidade de benefícios, fazem doações e tiram fotos de si próprios e se auto-promovem. Eles estão se apoderando de empresas e instituições para abrigarem os marginais virtuais. Sabemos os nomes dos receptadores de mercadorias roubadas e onde estão e somos como a policia, temos medo ou cumplicidade.
Nada se pode fazer contra eles, a não ser na complicada malha da Lei ou em última analise usando dos mesmos instrumentos que usam. A desorganização das idéias não é mais um pensamento filosófico, uma constatação, é uma realidade, uma pandemia. Os limites conhecidos como geográficos não resolvem mais, depois que as bocas de lobo foram rompidas e a violência chegou com requintes de crueldade e com fortes indícios de extermínio da chamada classe dos normais ou daqueles que antes, chamávamos de dominantes ou elite. Eles já estão também entre a “elite”. São bandidos políticos, empresários corruptores.
E assim, o grande transatlântico das duas florestas, foi saqueado e os amotinados comandam as atrocidades e “amontoar” amor em forma de indultos e derrubada de presídios definitivamente vai agravar ainda mais esse estado de violência onde os figurantes se transformaram em guerrilheiros sem causa.
O problema maior é que os amotinados transitam livremente entre os “comandantes” e o mais grave, até o “comandante”, pode ser um deles.
Talvez seja melhor mesmo, o toque de recolher por conta própria.