Como julgar o belo?
No curso de Publicidade e Propaganda, em uma aula de "Estética e Cultura de Massa", o professor Fabio tenta nos explicar o que é "beleza". De onde vem a opinião certa e reta para julgar algo que aos olhos de alguns, não passa de mera bobagem e perca de tempo. E explica que; conforme Kant, a beleza da estética não se trata de algo pessoal ou especial, singular que cada um tem dentro de si, mas generaliza o fato de carregarmos conosco, um fundamento de beleza e bom gosto comum a muitos, geralmente aos que te rodeiam e fazem parte do seu circulo social ou cultural.
Indagando o fato de sermos levados por musicas, filmes, culturas regionais e mundiais, podemos discutir sobre o gostar e o não gostar, simplesmente pelo fato de que somos influenciados por tudo e todos, mas ainda assim cada um tem dentro de si, um sistema particular de julgamento. O que leva uma maioria do setor da musica ou ainda artística, dizer se aquela musica é boa ou se aquela musica tem estrutura harmônica e regência perfeita para uma orquestra, mas ainda assim falta estrutura para seguir a tendência do mercado; quem lhes deu esse direito? Como analisar um gosto, um sentido, um suspirar ao ver ou se deparar com algo que lhe traz um sorriso aos olhos.
Como não satisfeito, o professor dispara a pergunta aos alunos e espera uma resposta à altura de Kant, ou ainda se for possível, melhor. Possibilidades pequenas de alguém naquela sala de aula dizer algo que satisfaça os ouvidos do professor. Na verdade o que acontece são questionamentos sobre como julgar e como avaliar o verdadeiro valor de uma obra de arte, ou a beleza arquitetônica de uma casa no meio da cidade e até uma simples cor de roupa na tendência do momento. Refaço a pergunta; como distinguir bonito e feio? Como julgar precedentes e como não fazer a avaliação errada?
Voltando a aula. Fica a questão como sendo a primeira e única pergunta da prova; como avaliar a beleza estética? O porquê se ser belo? Qual o motivo para se achar que borrões de tinta em uma pintura abstrata, podem chegar a valer milhões?
Ao entendimento particular e pessoal, digo que; não se julga algo sozinho, existe um reflexo histórico e social em torno das nossas decisões, incontrolável e inevitável. Tudo o que fazemos, é avaliada com antecedência, há o consentimento de algo maior e soberano, desde os tempos da vida que perpetuarão até os da morte.
O que vai se ampliando precisa de espaço, por isso, quanto mais e mais passam a aceitar ou abordar certos temas, eles passam a ser mais vistos, conseqüentemente se espalhando, até chegar às grandes massas. Pode-se ter como exemplo, o Funk; com toda a sua negligência, ainda se propaga meio as criticas, chegando até um vestiário de um campo de futebol, onde é dançado por um famoso jogador de futebol, e esse, é visto por milhões de pessoas que gostam dele e sendo assim, seguem a tendência, (com a ajuda da mídia lógico), passam a gostar da musica, simples assim, ou a musica de fato é boa, tem conteúdo social e cultural, por isso, tem todo direito de fazer sucesso.
O oportunismo nessas horas é fatal, olhando pelo lado capital de se enxergar as coisas. O capitalismo impera, e isso não a de se negar, contudo, quem ganha é só quem promove. Deixando mais uma questão; pensando dessa forma, podemos dizer que nossa cultura é ruim, capital-mente falando, somos rico em cultura, mas pobres em "produto interno bruto". Isso conforme os desenvolvidos, que se dão o substantivo de melhores e mais ricos, não pedindo nem quer um palpite para os vizinhos. Sendo eles os maiores exportadores de cultura do mundo; filmes e musicas que atravessam gerações, e não se trata de critica ou especulação, na verdade se trata de admiração. Se analisarmos com coerência, gostamos mais do filmes de fora, admiramos mais as musicas do lado de lá, que queremos chegar até eles, e assim ser um pais desenvolvido, (falei por todos os brasileiros agora, até parece). Não há de se negar que, vendo e comprando a cultura externa, acabamos dando o lucro necessário para que eles continuem a desenvolver pesquisas mais caras, seja na área da saúde ou tecnológica, permanecendo uma questão a ser respondida; gostamos mais deles e achamos que o que eles fazem, é de fato mais belo e talentoso, que é justo que se tornem mais bem sucedidos e possam dizer a palavra final sobre um gosto, uma cultura, ou apenas seguimos a tendência.
Como analisar o contraste da miséria com alegria do povo que vive nela, a mídia mostra pessoas pobres e humildes, mais com um belo sorriso nos lábios e feliz por estar vivo, mas que invejam o sucesso alheio. A questão sobre o que é belo, não pode ser respondida sem outra pergunta, é como uma dizima periódica, existe uma resposta concreta antes da vírgula, mas após ela, mais perguntas são colocadas e inevitavelmente continuadas.
O belo estético das roupas, o melhor automóvel e as obras de arte mais conceituadas e famosas, são de fora, contudo, a avaliação final também é externa, a opinião seria de quem tem mais status ou apenas de quem tem mais estudo; se aprofundou mais sobre o assunto e assim pode dizer com mais serenidade e certeza, sobre o que faz ser tão importante o fato de algo ser tão valorizado, de tal maneira que ninguém pode comprar, pois necessita ficar exposto para todos verem o talento alheio de uma pessoa que passou uma estadia na terra. Geralmente coisas mais velhas e mais raras, se tornam mais caras. Qual o real motivo daquela obra singular ser realizada por aquele artista, naquele período da sua vida, naquele momento em que olhou para a lua e essa lhe rendeu inspiração. Gera curiosidade para deciframos o que se passa na cabeça de um artista, um estilista, arquiteto, design, ou uma pessoa comum que em certo momento teve uma inspiração particular, gerando especulação de quem é curioso e perguntas de quem busca aprender sobre.
De fato, não se pode ter reposta concreta. O belo, quando admirado por muitos sobrevive ao tempo, e conforme vai se afunilando, passa a ser questionável por pessoas que entendem menos sobre assunto e não buscam o conhecimento. Ainda que de forma respeitosa, absorvem, mas não se dão conta da grandiosidade que pode ser um livro, um quadro, ou até uma música que atravessa décadas e sobrevive ao tempo, tornando-se uma raridade de Inestimável valor.
Se aceita o belo, simplesmente pelo fato de não se saber o que é belo. Quando algo é apresentado para alguém que não sabe sobre aquele algo, simplesmente aceita para não se dizer ignorante, e quando pensamos em algo que a maioria diz ser magnífico e uma obra singular, a absorção daquele comentário é imediata, acolhendo para dentro de si como sendo de fato magnífico, afinal, quem sou eu para dizer que não.
No final da aula o professor passa a musica "Bienal" de Zeca Baleiro e Zé Ramalho, como sendo um entendimento a principio ou um estudo sobre o que pode vir a ser belo.
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