DE HEBE CAMARGO À SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA
Nesta semana que já se vai nós brasileiros ficamos felizes com a pronta recuperação pós cirúrgica da Dama da televisão brasileira, a consagrada apresentadora Hebe Camargo, que infelizmente enfrenta uma doença difícil.
Assim que saiu dum hospital de ponta aqui de São Paulo, numa curta e bem disposta declaração à imprensa, a apresentadora agradeceu por tudo e a todos, a elogiar a medicina brasileira e os nossos médicos , os qualificando como dos melhores do mundo.
" Se precisarem, venham para cá ", se não me falha a percepção foi mais ou menos isso que ouvi na sua fala.
Muito bem, é a pura verdade.
O Brasil realmente conta com centros médicos de alta tecnologia e profissionais de ponta, disso não nos resta a menor dúvida.
Só uma sensação me veio: naquele discurso, principalmente por ali se tratar duma pessoa pública de peso, perdeu-se a oportunidade de, ainda que num fugaz momento, ter sido lembrada a situação dramática pela qual a saúde pública brasileira atravessa, paradoxalmente à existência de grandes centros privados e mesmo públicos, aonde o exercício da médicina de alta complexidade é de excelência.
Todavia, a exemplo do que falo, no mesmo instante que Hebe era entrevistada também se noticiava a história dum cidadão comum que conseguira ser chamado para uma consulta de especialidade depois de oito anos de espera, e só não comapreceu porque já havia obituado.
Não é por acaso que a CNBB lançou a campanha da fraternidade rogando intensamente pela nossa saúde pública.
Justiça social da qual tanto se fala, seria dar a todos o mesmo direito de usufruir dos equipamentos de saúde de alta qualidade, no atendimento básico ou no complexo, ou seja, proporcionar cuidados igualitários à saúde de todos os cidadãos brasileiros, sejam eles famosos ou anônimos.
Infelizmente, tenho certeza de que estamos muito distante da otimização da saúde pública de qualidade para todos os brasileiros neste enorme país que dizem ser de todos.
Que pena, porque temos tudo para dar certo mesmo fora dos holofotes.
Só nos falta o ponta- pé inicial dado com o mesmo entusiasmo com que se chuta os preparativos para a copa do mundo de futebol, a que tanto mobliza nossos políticos sem noção alguma das nossas mais urgentes prioridades.
Porque A VIDA não pode esperar.