Monólogos e Grunhidos

Comunicação. Essa foi à palavra chave para a evolução e desenvolvimento do homem; foi a partir dela que conseguimos dominar os outros animais e criar tudo que construímos até hoje. Esse processo iniciou-se por meio de gestos, em seguida, desenhos e posteriormente, através da linguagem oral e escrita. Nesse processo evolutivo, o normal deveria ser o contínuo aperfeiçoamento dessas últimas modalidades de comunicação. Porém, com o advento das novas tecnologias e das telecomunicações, sofremos hoje com uma avalanche de informações de baixa qualidade, associada ao colapso da essência comunicativa e ao retrocesso intelectual.

Seguindo por esse caminho, muitas vezes nos vemos perdidos em meio a tanta informação, são jornais, telejornais, revistas, noticiários, folhas on-line. Informados sim, mas sabendo ou racionando não. Para saber ou posiciona-se frente a algo, é necessário conhecimento, visão crítica, na qual, muitas vezes à conseguimos quando de fato nos sujeitamos a várias fontes e opiniões diferentes. Exemplo disso foi à desocupação de Pinheirinhos e a ação da Polícia Militar na USP. Não jugarei nenhuma dessas ações, mais se tivermos assistido ou buscado nesse período informações sobre esses dois acontecimentos veríamos o quanto as opiniões e mídias em geral divergem no posicionamento e abordagem dos fatos ainda que se digam imparciais.

Na nossa vil ignorância, associamos erroneamente informação com conhecimento, daí surgiu nosso erro de julgar aquilo que de fato não temos propriedade para discutir, nem criticar.

Já o colapso da essência comunicativa que anteriormente havia falado nada mais é que a perda da capacidade interpretativa da leitura associada ao declínio das interações físicas entre locutores e ouvintes. Atualmente, nossas maiores fontes de conhecimento, os livros, começaram a ser fortemente substituídas e compactadas por falsas e perigosas fontes: sínteses, resumos, e-books, emissões radiofônicas.

Essas novas formas de comunicação por mais que tenham comprometimento com a qualidade e veracidades da fonte primária essas nunca poderão expressar completamente toda a expressão existente dentro de um livro e a capacidade interpretativa desta será totalmente prejudica, pois como dizia o grande Poeta Gregório de Matos, “O todo sem a parte não é todo, a parte sem o todo não é parte”.

Nas redes sociais uma nova linguagem surgiu, as palavras estão sendo decapitadas por simples comodismo; você se tornou vc, sim em s, não em n, dentre inúmeras outras. Como se tudo isso não bastasse essas novas tecnologias que tinham como pano de fundo aumentar e facilitar o processo comunicativo não demonstram realmente isso. As pessoas perderam o contato físico, não há mais interação por cartas, e a pouca socialização familiar, e as pessoas a cada dia vão deixando de expressar seus sentimentos pessoais, trocando-os por e-mail, mensagens instantâneas e falsos “te amo”. As relações interpessoais deram lugar a interações virtuais.

Em suma, a antiga terminologia criada no século XVII, “homo sapiens” já não deve ser mais vinculada a nós; Hoje, estamos mais para “homo aliens” ou primatas, pois, no caminho que seguimos estamos nos encaminhando para monólogos e grunhidos.

Arthur Luz
Enviado por Arthur Luz em 15/03/2012
Reeditado em 09/04/2012
Código do texto: T3555583
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