Holocausto Negro

HOLOCAUSTO NEGRO

No final do mes de dezembro de 2011 a Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) aprovou um projeto de lei (que ainda necessita ser sancionado) que torna o holocausto nazista, tema obrigatório dos cursos de historia da rede estadual de ensino. E para quem não recorda, foi assim que Adolf Hitler alcançou um patamar nunca visto na história, ao criar uma Política de Estado para eliminar outros povos considerados biologicamente inferiores.

O projeto de lei número 499/11, de autoria do deputado Gerson Bergher (PSDB), estabelece que o conselho nacional de educação use uma abordagem especial sobre o tema, com ênfase na prevenção e combate a intolerância e descriminação travada contra as minorias. O que mais me chamou a atenção nessa breve noticia, foi a total indiferença e ignorância sobre o maior de todos os holocaustos, aquele que ignoramos e que aconteceu uma grande parte dele bem aqui em terras genuinamente brasileiras, o holocausto negro. Os livros de historia se quer usam a palavra holocausto, alias que foi criada depois da segunda guerra mundial, nossos livros parecem só falar do escravismo já instalado aqui, sobre senhores de engenho, e cana-de-açúcar. O que fica nas entrelinhas é que os navios negreiros trouxeram pelo menos 13 milhões de pessoas da África para as Américas, na maior deportação da história mundial. Dos séculos XV ao XIX, a África perdeu negros que foram escravizados ou mortos numa cifra de cerca de 65 a 75 milhões de pessoas. A história do Brasil foi desenhada junto ao maior genocídio do mundo já que um escravo é um objeto humano, propriedade absoluta do seu dono, não possui qualquer direito individual e não beneficia de qualquer proteção legal.

Segundo uma estimativa, de 1501 a 1866, foram embarcados na África com destino ao Brasil 5.532.118 africanos, dos quais 4.864.374 chegaram vivos (667.696 pessoas morreram nos navios negreiros durante o trajeto África-Brasil). Foram os escravos que produziram todas ou quase todas as riquezas da América. O “justiçamento” do escravo era na maioria das vezes feito na própria fazenda pelo seu senhor, havendo casos de negros enterrados vivos, jogados em caldeirões de água ou azeite fervendo, castrados, deformados, além dos castigos corriqueiros, como os aplicados com a palmatória, o açoite, o vira-mundo. Não estou aqui de forma alguma querendo criar um discussão entre em qual desses lamentáveis pontos históricos se houve mais ou menos sofrimento, porque para mim ambos são puramente lamentáveis, vergonhosos, mas que infelizmente escreveram uma parte, talvez a mais dura da humanidade.

Mas acredito que esses pontos duros da historia deveriam ser igualados, em termos de valor histórico, da mesma forma em que a Polônia foi barbarizada, desumanizada nossos negros também foram roubados de suas origens e explorados. O holocausto negro aconteceu aproximadamente 388 anos antes do holocausto nazista, e o que faz do holocausto negro ignorado por tantos? Gostaria muito de pode dizer que eu não sei a resposta, mas todos nos já sabemos, é a pouca valorização da nossa historia é o pouco orgulho de nossas raízes é a baixa e péssima escolaridade, encobrimos um passado ainda tão próximo da nossa cor de pele, mas muito distante se ter um dia próprio com astiamento de bandeira ou hino nacional.

A história da escravidão no Brasil, escravidão negra africana no Brasil Colônia, tráfico de escravos, os navios negreiros, trabalho escravo nos engenhos e nas minas de ouro, os castigos, as revoltas, os quilombos, são apenas campos de concentração não brancos.

Luciana del Bhianco
Enviado por Luciana del Bhianco em 13/03/2012
Código do texto: T3550987
Classificação de conteúdo: seguro