Civilidade entre vizinhos
- Sou de Abadia, sou bicho do maaaatttttooooooooo..._
Mais uma noite acordado pelo vizinho sertanejo, ele canta a qualquer hora do dia, ou da noite, ou em qualquer hora.
Aliás, ele não canta mas grita.
Já pensei em todas as soluções possíveis para vencer esta gritaria sem fim, mas não tem jeito, ele sempre acaba incomodando mais do que deveria.
Tentei reclamar com o síndico, tentei conversar com o cidadão, mas não foi possível obter qualquer resultado, nada feito. O barulho não pode parar, a gritaria deve continuar.
Certo dia, não agüentando acabei por gritar na janela um pedido de silêncio.
Obviamente, minha intenção não era ofender o cantor, mas simplesmente que ele fizesse silencio, ou cantasse em tom menos elevado, para que eu pudesse dar continuidade às minhas atividades corriqueiras, mas não foi o que ele entendeu.
A partir daí a guerra foi declarada, o cidadão chamou toda a sua turma e o que era somente cantoria, digo gritaria não parou mais. Todos os finais de semana se tornaram uma festa sem fim.
Aos finais de semana o caos estava instalado e não tinha síndico ou conversa que desse jeito.
Certo dia, na igreja me encontrei com este vizinho e fui gentil e disposto a reconciliar, o que não trouxe qualquer resultado a não ser mais barulho e gritaria.
Penso que as pessoas deveriam ser mais “civilizadas” e pensar no coletivo, e não apenas em seus desejos e caprichos e em “anular” o próximo, e tudo o mais que atrapalhe seus gostos e desejos.
A idéia de eliminar o diferente e ter como inimigo quem quer obter uma conciliação tem crescido muito nesta geração Big Brother em que vivemos, o diferente, o que discorda, deve ser colocado no “paredão” e eliminado.
Estamos vivendo uma era em que o querer é sagrado, a satisfação dos desejos é algo quase intocável, e se limitar em prol do outro é algo que não é sequer cogitado.
A idéia do “poder tudo” e que ninguém ouse me limitar tem ganhado muitos adeptos. Até mesmo os pais ao invés de limitarem os filhos, preferem permitir tudo, como se assim estivessem demonstrando amor.
A verdade é que o materialismo tem nos empobrecido cada vez mais na possibilidade de olhar em nossa volta, e na busca do diálogo ao invés de impor nossos desejos e caprichos como se fossem a única fonte de satisfação.