AREEIRO PARTE VII

Os jovens do Areeiro também participavam dos grandes eventos folclóricos e festivos vivenciados pela população Camaragibense. Durante as festividades juninas enfeitava-se às ruas com bandeirolas, balões sanfonados e cada família peocupava-se em acender suas fogueiras em função das reverências que se faziam aos santos; Santo Antonio, São João e São Pedro. O ponto alto das comemorações ocorria durante as vésperas de São João . Muito milho cozido e assado, canjica, pamonha, pés-de-moleque, bolo de mandioca, bolo de chocolate, bolo de milho , refrigerantes, refrescos, constituíam-se, em parte, no cardápio oferecido nas residências. Milho assado nas brasas da fogueira, promessas eram feitas pelos jovens, principalmente as jovens durante a véspera de Santo Antonio, considerado o Santo casamenteiro. Ainda diante da fogueira fazia-se o pacto do compadrio gerando uma maior aproximação e proteção entre os compadres a partir dali. Ruas enfeitadas, comidas na mesa, fogos em geral, desde o traque de massa até os foguetões e rojões, fogueira acesa, quadrilha se apresentando e o forró rolando a festa inteira.

No Natal, já durante o início de novembro, acompanhava-se do Areeiro os movimentos do Parque de Festas instalado na Rua da Festa, hoje chamada de Rua Eliza Cabral de Souza, em homenagem a esposa de Pedro de Souza, considerado homem forte de Camaragibe. As luzes complementares do Parque, acendiam-se à noite provocando um clarão muito forte que se estendia até os céus, enquanto o serviço de som dotado de várias cornetas ( hoje substituídas pelas caixas de som ), eram instaladas em diferentes posições, anunciando mensagens natalinas, recados entre amigos e enamorados, além de divulgarem os grandes sucessos musicais do momento. No rol dos artistas divulgados entravam; Orlando Dias, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Carlos Alberto, Nelson Gonçalves e outros...

Enquanto isso, lá no Areeiro , a animação era geral. Existia uma espécie de pacto anual entre as pessoas no sentido de se encontrarem na Rua da Festa durante o Natal. Existiram casos em que pessoas se encontravam anualmente. Um fato é que todos gostariam de se apresentarem bem; roupa nova, dinheiro prá comprarem pipocas, roletes de cana, algodão doce, cavaco, frutas carameladas e se divertirem nos brinquedos.

Alguns adolescentes conheceram seus pares ali. A estratégia para ser aceito partia do homem ao piscar um dos olhos em direção a sua pretendente. Em caso de correspondência, o caminho estava aberto a um encontro para que o casal pudesse conversar. O homem teria que pedir consentimento para namorar àquela pretendente, que poderia dar a resposta em “rito sumaríssimo”, ou seja, imediatamente, antes que ele concluísse a última palavra, ou então, solicitar-lhe um tempo prá pensar. Significaria que o jovem seria intensamente investigado, até a sentença final.

Sendo positiva a resposta, iniciava-se um novo cerimonial que culminaria com a ida do jovem à casa dos pais da namorada para ser questionado, principalmente no tocante aos seus interesses pela jovem, estudo, profissão e, em caso de ser aceito pelos pais, marcava-se desde já, os dias que seriam permitida sua presença ao recinto...

( Rua da Festa )

Todo fim de ano aquele encontro habitual

A turma toda sorrindo...é dia de Natal

Nada igual pelo Natal...viva o Natal

O Parque na rua da festa, balões multicores

Amores, céus de fumaça, crianças sorrindo,

Cenário encantado, vai e vem de pessoas,

Carrossel, Roda gigante, movimento constante,

Prá cima e prá baixo os botes singravam,

Oceanos de fantasia, acertos na pontaria...

Barracas de tiro valendo um boneco, uma ficha talvez

E o som não parava, tocando e anunciando

Mensagens de amor": de alguém" para alguém,

"Assim com as flores se abrem para curtirem...

O orvalho das manhãs...Ouça você essa linda canção...

Como prova de amor de alguém que muito te ama"

Lárarararara Lárararara Lararararara Lárarara

Flertes, olhares profundos, avisos da paixão

Cheiro gostoso de comer...roletes,cavacos,pirulitos...

Mostrando de cima um clima todo especial

...dim dom...dim dom...na noite de Natal

Ontem na rua da Festa era festa real

Hoje só recordações na Eliza Cabral

Lembranças de um tempo que não volta mais

...dim dom...dim dom...dim dom

...dim dom...dim dom...

...dim dom...

" N a t a l "

Paullo Carneiro
Enviado por Paullo Carneiro em 03/03/2012
Reeditado em 15/03/2012
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