A mulher no Sec. XIX

A situação das mulheres no Sec. XIX era de submissão extrema e de uma condição que não permitia a infidelidade por parte das mesmas, pois, além de ser algo considerado muito grave, também era tido como fator determinante para o divórcio.

Segundo Millicent Garrett Fawcett,1911.

Em 1857 a lei do divórcio foi aprovada e, como é bem conhecido, definiu legalmente diferentes parâmetros morais para homens e mulheres. De acordo com essa lei, um homem poderia obter a dissolução de seu casamento se ele pudesse provar um ato de infidelidade de sua esposa; porém uma mulher não poderia desfazer seu casamento a não ser que pudesse provar que seu marido fosse culpado não apenas de infidelidade, mas também de crueldade.

Compreende-se dessa forma que a figura feminina ainda não usufruía dos direitos morais igualitários quando comparadas aos homens, sendo assim, eram apenas vistas como “objeto” particular dos mesmos, pois, apenas serviam para satisfazer seus interesses, ao mesmo tempo em que eram desprovidas de qualquer direito ou autonomia.

As aspirações femininas do Sec. XIX por uma melhor condição enquanto “Mulher independente” não passavam de meros anseios sem perspectivas, não sendo levados a diante, pois, a visão de independência aparentemente aceita nesse período era o casamento, o qual era tido com algo moralmente recompensante para a família da mulher e para a própria sociedade que preparava as mesmas para tal fim, vejamos:

Era um período estranho, insatisfatório, cheio de aspirações ingratas. Eu a muito sonhava em ser útil para o mundo, mas como éramos garotas com pouco dinheiro e nascidas em uma posição social específica, não se pensava como necessário que fizemos alguma coisa diferente de nos entretermos até que o momento e a oportunidade de casamento surgissem.

(Charlotte Despard, memórias não publicadas, registro de 1850)

A educação das mulheres era restringida às atividades que fossem úteis ao ambiente doméstico, tornando-as sem valor para o mercado de trabalho vigente da época. Isso sem dúvida era mais uma forma de manipulação e humilhação da qual as mesmas tinham que vivenciar cotidianamente como se fosse natural, nota-se que isso era mais um dos instrumentos ideológicos que tornava a classe feminina cada vez mais dependente aos ideais masculinos. Fazendo com que a mulher fosse vista como um elemento sem muita credibilidade, apenas como algo complementar no seio familiar, responsável por uma parte da organização da casa, desde que não ferisse a autonomia do homem como “Chefe de família”. Dessa forma Louisa Garrett Anderson afirma que:

...os pais acreditavam que uma educação séria para suas filhas era algo supérfluo: modos, música e um pouco de francês seria o suficiente para elas. Aprender aritmética não ajudará minha filha a encontrar um marido, esse era um pensamento comum. Uma governanta em casa, por um breve período, era o destino habitual das meninas. Seus irmãos deviam ir para escolas públicas e universidades, mas a casa era considerada o lugar certo para suas irmãs. Alguns pais mandavam suas filhas para escolas, mas boas escolas para garotas não existiam. Os professores não tinham boa formação e não eram bem educados. Nenhum exame público (para escolas) aceitava candidatas mulheres.

Compreende-se que não era depositada uma confiança no potencial feminino, até por que não fazia parte do processo cultural do Sec. XIX, nem o investimento nem tão pouco a valorização da mão de obra feminina. O que levava os pais a pensarem que a melhor maneira de conduzi-las a uma vida social estável seria através de um bom e bem sucedido casamento. Comparado aos dias de hoje, as mudanças foram inúmeras e incalculáveis. As mulheres acabaram definindo seu padrão de vivência moldada na independência pessoal e financeira, sem muito apego a figura masculina, alguns dados estatísticos mostram que ocorre ainda existem diferenças salariais entre homens e mulheres, e que as mesmas ainda sofrem com a desvalorização financeira e com o preconceito, por conta do reflexo do paradigma de sexo frágil, porém, isso já vem se desmistificando com o decorrer do tempo, pois, mulheres já ocupam cargos que até então era de exclusividade dos homens como: Presidência de países, empresas, bancos, ministérios, entre outros.

A contribuição das mulheres para o crescimento e desenvolvimento da sociedade tem sido relevante em todo decorrer da história, pois, mudaram a visão distorcida e mitificada de que mulher era para viver delimitadamente em casa, desempenhando apenas afazeres domésticos ou servindo de companhia para os homens nas reuniões importantes em que os mesmos participavam. Hoje, a mulher tem sua identidade alicerçada nas conquistas e na persistência de seus ideais organizacionais e transformadores, fazendo com que o direito de igualdade seja sempre visto como um dos pilares sustentadores para uma sociedade mais justa.

Referências Bibliográficas

(Charlotte Despard, memórias não publicadas, registro de 1850)

(Louisa Garrett Anderson, depoimento escrito de 1839)

http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=203

Rogildo de Oliveira
Enviado por Rogildo de Oliveira em 21/02/2012
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