Claro que faz diferença!

Sim, sabemos muito bem que estamos em pleno século XXI de tantas transformações, de globalização, de avanço das comunicações, da tecnologia avançada e da poderosa veiculação de informação. E bla bla bla e mais bla. É nesta época mesmo que crescem as estatísticas da violência deste mundo dito moderno e bla e mais bla. Também é agora que temos a necessidade de uma lei, a Maria da Penha, nascida para coibir a inexplicável brutalidade masculina contra a mulher.

Talvez por esta mesma brutalidade que se distribui por toda parte, desde as reações e resultados no dia a dia do trânsito e em todo o contexto das grandes e até pequenas cidades e que se inicia na intimidade de muitos lares.

O que será que faz um homem ser extremamente afetuoso com outro homem, abraçar um ao outro como se vê nos estádios de futebol e nos bares enquanto bate, humilha e mata mulheres? O que faz com que a mulher disto tudo seja testemunha e continue sonhando com homens ideais, príncipes encantados e amores eternos e verdadeiros? Procuremos em estudos da Psicologia e, por certo, vamos encontrar algumas hipóteses.

O que faz um advogado de aspecto e fala de profissional preparado dizer em um programa de televisão (acerca do caso Lindemberg/Eloá) que neste século assim e assim o fato de o corpo de jurados ser composto por 6 homens e apenas 1 mulher não faz diferença? Oh, santa inocência! Nem se esses homens escolhidos fossem portadores de alma feminina isto seria possível. Onde estão num corpo de jurados dessa formação os princípios da equidade e da racionalidade. Homem é homem e mulher é mulher, mesmo que apareçam por aí vestidos de forma diferente.

Com esta minha reflexão eu não quero deixar aqui a impressão de que o criminoso que está sendo julgado tenha centenas de anos de prisão e nem desejaria para ele a pena de morte. A prisão e a morte dele já existem em sua consciência, em sua mente conturbada. Não sinto prazer em arrancar a pele de criminosos, mesmo porque arrancando-lhe a pele a vítima não voltará a viver.

Como é bem instigante para a nossa inteligência observar a capacidade de uma defesa em conseguir organizar uma peça de tal sagacidade que obtenha o sucesso de transformar réu em vítima. Fascinante também o é a acusação se inflamar a tal ponto que logre convencer um corpo de jurados como este do caso Lindemberg/Eloá. É noite e é hora de cada um fazer brilhar a sua estrela, pois a de Eloá se apagou. Isto é, foi apagada.

Resta-me dizer, usando uma linguagem figurativa, que me preocupo com um possível tempo em que matar mulheres seja o segundo esporte predileto em terras brasileiras. Deixo também uma pergunta para reflexão: E se fosse uma mulher a ré, faria diferença um corpo de jurado composto por 6 mulheres e apenas 1 homem?

taniameneses
Enviado por taniameneses em 14/02/2012
Reeditado em 14/02/2012
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