OS DOIS MEDOS DA HUMANIDADE
Por Carlos Sena
Há dois medos que mais atormentam a humanidade: o da morte e o de falar em público. O medo da morte até que a gente compreende mais fácil, posto que embora ninguém escapando dela com vida, é a única certeza que temos enquanto vivo formos. Quanto a falar em público, de fato, não é fácil, principalmente quando não se tem uma preparação ou, digamos, uma vocação para tal. Os grandes oradores – aqueles que além de bons de retórica e de conteúdo no que se predispõem a dizer, são portadores de carisma, certamente as dificuldades iniciais são mínimas. O outro lado desse contexto se foca na pessoa que, embora com conteúdo técnico ou científico, é colocada para falar em público por algum motivo específico. Tudo pode ocorrer nestes casos, mas no geral a atuação não será satisfatória. Há casos de pessoas simples que dão show quando falam em público, posto que digam o sentimento dos que lhe ouvem. Falar em público é complexo e chega a ser simples ao mesmo tempo, mas de fato, constitui um dos grandes medos das pessoas, principalmente daquelas para quem a vida profissional ou pessoal não requer, necessariamente, falar em público. Falar em público depende de fatores tais como público alvo, assunto a ser dito, alcance do que se vai dizer, veículos a serem utilizados como teleconferência, circuito interno de TV, etc., dentre outros. Os que se sentem vocacionados para trabalhar com a comunicação social, no geral tem que passar por preparação. Isto passa, inclusive por uma formação superior, mas no geral, cursos específicos ajudam a conhecer algumas técnicas de sensibilização que ajudam a manter, por exemplo, um auditório em sintonia. Mesmo os iniciados em falar em público, em cada novo público se dizem “tensos, nervosos, ansiosos”... Contudo, no tempo estimado de cinco minutos, com a comprovada experiência, logo se “toma conta” do processo de comunicação instalado seja em auditório ou outro tipo de ação. Há quem se comunique bem no rádio, mas não o faça na TV. Há quem fale bem em auditório, mas se perca numa sala de aula rotineira. Há quem não fale nada em momento nenhum e não adianta insistir. Não conseguem, sequer, articular palavras. Outras considerações poderiam ser ditas acerca, mas se tornam desnecessárias para o que queremos focar, principalmente elencando esses dois elementos de medo tão intimamente ligado a nós. Medo da comunicação, digo, de falar em público pode ser constatado por todos em seus cotidianos. Uns mais outros menos, outros bem mais e outros bem menos, mas o medo existe, exceto quando se consegue ser tarimbado. Os tarimbados se restringem no geral às suas ligações profissionais e técnicas como os pastores, padres, comunicadores sociais, líderes políticos, etc.Por Carlos Sena
O medo da morte, no nosso entender, mexe mais com todos. Primeiro porque não deixaremos de morrer nunca, embora diante disto não percamos o amor pela vida. Segundo porque quem já morreu, em tese, nunca veio nos dizer acerca da chamada “outra vida”; terceiro porque, enquanto humanos e conscientes de que um dia morreremos, não esboçamos uma preparação para que trabalhemos a morte em vida. O homem moderno estimula muito a felicidade em função dos bens materiais e até conseguem sucesso nesse intento. Criou-se, inclusive a expressão “VENCER NA VIDA” – aquela pessoa que se dá bem na vida em função do que ostenta quando tem bom emprego, casa, carro e até uma polpuda conta no banco. Belo dia vem a morte e pimba, leva o sujeito para o outro lado da eternidade. Desta forma, a gente imagina que o homem moderno poderia inverter um pouco essa lógica da felicidade ao alcance dos bens de consumo e investir numa cultura da mente e da espiritualidade, pois afinal, estamos no terceiro milênio.
Falar em público como o segundo grande medo da humanidade depois da morte, a gente entende melhor. A gente pode vir a falar bem em público ou mesmo não falar nunca, mas tudo se resolve por si só neste caso. Contudo a morte nos surpreende como o grande medo da humanidade. Acho que, sendo nossa única certeza, deveríamos estar sempre preparados para, a qualquer momento, sermos transferidos para outra esfera da vida. Mas não. Nós humanos, somos sempre e seremos a nossa grande contradição. Preferimos viver pela ilusão de sermos eternos a constatar que eterna só será mesma a certeza de que nunca seremos eternos na terra.