A índole de cada um
Numa rápida busca pelas notícias da internet, no dia de hoje, deparei com duas manchetes que me levam a dois extremos: admiração e decepção.
As pessoas são feitas dos seus gestos e do reflexo do seu caráter.
Quando alguém faz algo bom, todos nós que prezamos pela evolução da alma humana só temos a contemplar o gesto com aplausos e, mesmo que não tenhamos poder de se aproximar do benfeitor, para poder cumprimentá-lo, em face da distância, sempre refletimos nosso entusiasmo com a ração humana, afinal, o mundo é tão cheio de egoísmo que, quando deparamos com gesto tão nobres, logo vem a esperança de que o mundo pode alcançar melhores resultados no campo da solidariedade e da humanidade.
Paradoxalmente, já não assustam mais as más notícias, visto que são tantas. Assim, há muito tempo deixaram de causar indignação. Especialmente, aqui no Brasil, onde a maldade humana está impregnada em muitas vertentes de nossa sociedade. A meu ver, a mais cruel de todas está escondida nos bastidores do Poder Público, onde os homens que mantém esse poder se escondem nas armaduras do sistema para poderem usufruir das mazelas que escravizam os fracos e tornam poderosos os fortes. A maldade a que me refiro paira sobre a opressão de tantos, em favor do conforto de tão poucos.
De um lado, a notícia de que um empresário australiano vendeu sua empresa de ônibus e com o dinheiro arrecadado, distribuiu aos funcionários cerca de US$ 16 milhões, que foram rateados entre os mil e oitocentos empregados. Dito empresário, além de oferecer essa indenização, como agradecimento ao tempo de serviço prestado à sua empresa, ainda assegurou que todos ficassem no emprego, sob a tutela do novo proprietário.
De outro lado, a notícia em torno do atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, querendo se justificar perante a opinião pública sobre as suas veementes críticas à atuação do CNJ. Como hoje será julgado pelo STF o poder de atuação do CNJ no que diz respeito à abertura de investigação sobre juízes corruptos, apressou-se o Presidente daquele Colendo Tribunal em proferir elogios e, ao mesmo tempo, continuar com suas teses injustificáveis de que o poder de fiscalização já é exercido pelo próprio Órgão do Poder Judiciário através das Corregedorias. Ora, se realmente existe essa fiscalização, por que a sociedade depara com tantas denúncias sobre corrupção de magistrados, mas não se tem notícia de que alguns deles foram condenados? A máscara continua no rosto de muitos homens públicos brasileiros.
Infelizmente, nós que gostamos de ver as coisas do lado limpo, ficamos sempre na ilusão de que em nosso País vai aparecer alguém dando exemplo de honestidade e lisura. Ficamos só esperando, porque os exemplos que aparecem sempre vêm de fora.