O filme "A erva do rato" e a mulher como mero objeto.
O filme “A erva do rato”é um filme de formato diverso dos filmes comuns.
Imagens estáticas e períodos de silencio ocupam toda a exibição. Pode parecer estranho o filme, a início, mas se mantivermos a mente aberta podemos constatar que a proposta é muito maior do que a de um mero entretenimento provisório, como é comum aos filmes comerciais.
A mensagem parece ser uma crítica à forma em que nos portamos em relação ao outro, deixando-o na posição de objeto de nossos caprichos, em especial na relação homem-mulher.
Um homem encontra uma mulher em um cemitério. Sem familiares nem aonde ir, ela passa a viver com ele.
Então, o homem passa a se utilizar da moça como mera telespectadora de seus diálogos solitários. Parece haver um muro invisível entre os dois.
Inicialmente, ela se torna ouvinte de suas complexas reflexões, depois um objeto a ser “apreciado”, um mero objeto de sua admiração pela anatomia feminina - a vagina.
Eles não conversam, não discutem, nem se relacionam. Tudo gira em torno da utilidade que ela tem pra ele. Não há intercâmbio, ele a coloca em uma posição de idealização e não admite que ela entre no mundo dele, nem que se diferencie do que ele quer que ela seja.
De certa forma, o filme parece uma crítica a forma em que a mulher é vista na sociedade atual, onde tudo nela se resume a vagina e seios. Anulam-se todos os demais atributos da mulher, restando tão somente uma vagina, acarretando morte do restante da mulher, em tudo que não seja órgão sexual.
Um ser - objeto que somente se presta à observação, não precisa falar opinar nem mesmo ser nada, tão somente se prestar a ser filmada - fotografada em suas partes intimas, para deleite do observador.
A verdade é que isto é o que a sociedade atual está fazendo com a mulher (e atualmente o homem também) - são meros objetos de exibição, mudos, surdos, e cegos, apenas satisfatórios aos olhos do observador.
O fato é que o sujeito do filme, (assim como o ser humano atual), nunca sai de si mesmo para ir ao encontro do outro, que se trata de uma mera ornamentação em sua imaginação e em suas elocubrações eróticas.
O filme mostra a forma mais cômoda de se relacionar com o outro, pois o homem não se envolve, portanto não corre risco de decepção, rejeição, ou qualquer outra forma de malefício. Permanecendo inerte em sua postura de politicamente correto, e separando o que no outro que vai ser-lhe útil e o que não vai.
Por fim a morte da moça pouco importa para ele, que precisa apenas de um ornamento para poder dar vazão a seus caprichos visuais, que estão cada vez mais fixados em um objeto separado e isolado dos demais - a vagina da mulher.
A mensagem é forte e nos faz pensar no quanto temos nos limitado em ir ao encontro do outro, e sem nunca sair de nós mesmos. entramos em relações por mera conveniência, onde o outro é mero instrumento voltado à satisfação de nossos desejos e caprichos.