O FILME "DOIS COELHOS" E O AMOR AO DINHEIRO

O filme dois coelhos é uma trama em que um sujeito faz um plano milionário – criminoso e se utiliza de diversos atores sociais para cumprir seu plano.

Mas ao final tem-se a impressão de que o plano foi tão bem elaborado e com tantos detalhes, que seria impossível ter isto na vida real. O filme perde a graça inicialmente até que se entende a real mensagem.

Quando me deparei com o real sentido do filme, ele passou a ser magnânimo e de uma genialidade incrível, explico:

Todos os atos do filme giram em torno de se obter uma fortuna, e todos aqueles que atuam, o fazem com a fim de obter uma parte de uma grande soma em dinheiro. As pessoas matam, morrem, traem, mentem, sem nenhum tipo de virtude ou consideração com o próximo – tudo gira em torno do dinheiro. A fidelidade e virtude deles são totalmente voltadas ao dinheiro, o próximo se tornou apenas um instrumento para se obter aquela quantia, e daí em diante vale tudo, não regras, nem limites.

Ora, nada mais natural do que pessoas absolutamente manipuláveis. Com a mera promessa de se obter ganhos enormes, as pessoas agiam nos exatos termos em que eram instruídas pelo mentor do plano.

Na verdade, o filme joga na nossa cara – sociedade capitalista e consumista, que os nossos atos são guiados pelo deus-dinheiro, a ponto de se tornarem totalmente previsíveis os nossos atos, nossas decisões, e por fim, ser totalmente viável que um plano - com uma série de detalhes e de um emaranhado de relações sociais obtenha um êxito quase milimétrico.

Mas como pode ser? Pergunta-se o mais atento. Ora, simples: o poder do dinheiro, e do que ele representa na sociedade atual – nada mais convincente para o ser humano atual do que uma boa soma de dinheiro, para que ele mude de idéia sobre qualquer questão.

A mensagem do filme explicita-se de forma clara na cena inicial que mostra uma série de pessoas com quem o personagem principal convivia (porteiro, ex-namorada, chefe, etc...) sendo entrevistadas e falando de sua pessoa, negativamente e de forma totalmente depreciativa, e quando, após muita ação, e a obtenção do dinheiro pelo mesmo, as mesmas pessoas de repente aparecem em nova entrevista, e ironicamente passam a elogiar e aplaudir o mesmo personagem. Tem-se a impressão de que o filme quer mostrar que a opinião sobre alguém – para o ser humano médio atual, é como um produto em uma prateleira de supermercado – pagou, levou.

Chega a ser um alerta real sobre a filosofia de vida do mundo atual.

A obra é magnífica, mas mostra um mundo deplorável e real, dominado por uma consciência mercenária e sem limites, que não mede esforços para obter o lucros.

Isaias João
Enviado por Isaias João em 27/01/2012
Reeditado em 27/01/2012
Código do texto: T3463803
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