E FÓRUNS SÃO ARSENAIS?

Uma modalidade de crime – que certamente não é nova – acaba de ser intensificada nos fóruns do Estado do Ceará: as invasões e/ou arrombamentos para perpetrarem o roubo de armas. Claro que lá onde sobram alguns trocados, no cofre, estes também são raspados e surripiados, e não fica pedra sobre pedra nessas casas do Judiciário.

Não tenho dados “científicos” sobre o caso, contudo acredito não seja novo esse tipo de expediente de rapinagem, nos fóruns. Aqui mesmo, na Capital, e em outros territórios do País já aconteceram arrombamentos a tais departamentos da Justiça. Mas o fato é que, agora, a moda dos ataques a fóruns pegou e, nos últimos tempos, têm vingado assustadoramente. Houve diversos, já são quase incontáveis.

Tempo desses, em uma semana, apenas, ocorreram cinco assaltos a fóruns de cidades do interior. Quer dizer: um por dia. Absurdo dos absurdos, tudo isso. Ou será feito algo de mudança, e seriamente, para a guarda dos fóruns, ou, então, fechem todos para que não continuem sendo o celeiro – o arsenal - da criminalidade. E fóruns são arsenais, hein?

Quadrilhas armadas, até aos dentes, portando pistolas automáticas e metralhadoras portáveis, às vezes fazendo uso de bananas de dinamite, não exercitam mais nem os arrombamentos. Vão de cara, à unha, e rendem o guardinha desprevenido e sem nem um três oitão no quarto. Dentro da agência, os celerados casam e batizam e levam toda a féria que o Judiciário amealhou, ao armazenar armas que foram resgatadas das mãos de criminosos, facínoras de todos os matizes.

Agora, como a pergunta não resulta em pagar imposto, para que diabos tantas e bem trajadas construções, gigantescos elefantes brancos sem o mínino de segurança, ficam a guardar armas e dinheiro em seus depósitos e cofres? Resposta simples: para continuar a serem assaltadas. E ou os juízes das comarcas dão um jeito diferente aos seus mal guardados trastes ou ficarão pelados em bem curta temporada.

Como no Ceará só temos 184 municípios, em mais um ano já não haverá uma arma sequer sob a custódia dos fóruns. Todas já terão sido afanadas por marginais. Não se admite que, por questões meramente burocráticas, juízes de Direito, homens cultos e inteligentes, batam seu pezinho – em nome de um formalismo besta –, não concordando que armamentos, munições e dinheiro fiquem à distância da boca dos lobos do crime, o qual pomposamente se rotula de “organizado”.

Outro dia, vendo o noticiário, eu havia matutado assim: informatizem essas armas, façam a microfilmagem de tudo, para anexar aos processos, mas, por Deus, levem essas armas dos prédios do fórum. Podiam ficar sob a custódia das Forças Armadas. É arma demais armazenada em lugares inseguros. Quanto ao dinheiro, mais fácil ainda: depositem esse ‘vil metal’ nas casas bancárias.

De lá, em tese, dos bancos públicos que ainda nos restam, os poucos que o tucanato não passou nos cobres, ninguém tasca. E a autoridade da jurisdição – no caso, a Vara da Comarca – bancaria o ‘status’ de depositante. Mas, não! Os homens da Lei deixam tudo lá, na carcaça dos fóruns, sem a mínima segurança, a fim de que a bandidagem faça a festa. Pensei desse modo, como aí acima exposto, quando consumia os noticiários televisivos e de jornais, e não penso ter surfado na maionese. Mantenho-me de que devia ser assim.

Um parlamentar bem intencionado, que apresenta certo programa policial, na TV, faz poucos dias, afirmou ter desejado votar na Assembleia uma lei que autorizasse a imediata destruição das armas que se destinam aos estabelecimentos do Poder Judiciário. Foi e não foi, solução nenhuma saída da algibeira do Legislativo estadual.

Porém menos mal, pois alguém, pelo menos isto, naquela casa de pasmaceira, incomodou-se com a problemática da coisa. E os pares do deputado proponente aceitaram a dica? Necas, que nada! “Não; não pode... Um poder não pode interferir no outro”, e coisa e tal. Balela de lengalenga. Eia, povo, você não vai terminar por concordar comigo?

Pois, senão, muito mal... Quadrilhas inteiras e ousadas estão levando armas, munições e o dinheirinho chocho dos nossos fóruns, no interior do Estado. Hoje o bafafá é aqui, amanhã acolá, em todo o Nordeste, depois no País inteiro. Homens, juízo!... Por Deus, e se só creem na voz do capiroto, então deem ouvidos ao menos à proposta do deputado, menos mal, já que um cidadão comum – como este um que vos garatuja estas linhas – só tem vez e voz para votar ruim e pagar Imposto de Renda.

Fort., 15/01/2012.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 15/01/2012
Reeditado em 15/01/2012
Código do texto: T3441889
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.