LEI DAS PALMADAS
Antigamente a família se reunia numa mesa na hora do almoço e também do jantar. Havia diálogo entre os pais e os filhos. Havia mais proximidade, uma maior interação entre os filhos e os seus progenitores. Os filhos respeitavam mais os pais, principalmente o pai, que por natureza é mais enérgico do que a mãe. A mãe dava mais carinho e o pai era o responsável pela correção.
Gerações e gerações foram criadas e educadas assim, com os pais mais próximos dos filhos, com mais carinho, mas havia também os castigos, quando estes eram necesários. E, salvo raríssimas exceções, jamais essas crianças, depois que se tornaram adultas, se queixaram dos seus pais. Muito pelo contrário, depois que atingiram a maturidade e se tornaram adultas, elas conseguiram compreender o porquê dos castigos ou mesmo de uma surra que porventura receberam em criança. Não estou me referindo a espancamento ou qualquer forma de crueldade, é bom esclarecer aqui, eu me refiro a castigos como proibir de ir na casa de um amigo, de jogar bola, de ver televisão, e de umas boas palmadas ou uns beliscões quando a travessura era mais pesada.
Os tempos mudaram. Hoje não se vê mais reunião de família, não se vê mais uma conversa franca e gostosa entre pais e filhos; os pais a cada dia mais estão com menos tempo, e os filhos cada vez mais evitando os seus pais. Hoje existe a internet, o playstation, os tablets, os celulares, os smartphones etc., etc.. Os adultos adoram tudo isso e os seus filhos adoram muito mais. Mas, se esses equipamentos ajudam a aproximar as pessoas, a fazer mais amigos, por outro lado, paradoxalmente, acabam por afastar os filhos dos seus pais, e vice-versa. Na falta de tempo para se dedicar aos filhos, os pais dão de presente a eles um computador, ou um playstation, ou os dois juntos e outros mais. Com esses eletrônicos para entreter os filhos, os pais não se sentem mais na obrigação de interagir com os filhos, de acompanhá-los no seu crescimento físico, moral e intelectual; podem se demorar nas reuniões de trabalho ou numa rodada de chopp com os amigos. E os filhos, agora ocupados demais com os seus maravilhosos brinquedinhos, não têm mais tempo de azucrinar a vida dos seus pais.
Com o passar do tempo, os pais se tornam estranhos para os filhos e os filhos também não conhecem os seus pais. E aí, só Deus mesmo para tomar conta! Filhos se enveredando no mundo das drogas, violência, sexo irresponsável e promíscuo, roubos, assassinatos ... latrocínios praticados pelos filhos contra os próprios pais.
Mas já não bastasse tudo isso, uma lei está prestes a ser aprovada: a lei da palmada. Os pais não poderão mais castigar os seus filhos com umas palmadas, nem com um beliscão ou mesmo uma surra com uma vara de marmelo. Marmelo? O que é marmelo? Ninguém nem sabe mais o que é marmelo.
Daqui a alguns anos nós veremos o resultado. Uma possibilidade, que parece ser a mais provável, é que essa lei não vai vingar. E outra possibilidade é que, se a lei pegar, o quadro triste que já existe hoje poderá se agravar.
Mas é aquele ditado: se o filho não aprende em casa, se a família não educa ... a escola do mundo ensina. E na escola do mundo não existem palmadas nem beliscões nem surra com vara de marmelo ... é muito pior! Então, se os pais não mais puderem aplicar um castigo aos filhos, quando for preciso, porque a lei passará a proibir, as cadeias que já estão superlotadas continuarão se entupindo cada dia mais e formando mais e mais bandidos neste País. Ressocialização? Esquece! Não existe esse negócio de ressocialização: na cadeia, o que se aprende é só coisa ruim. Na cadeia não tem internet, não tem tablet nem plastation. E muito menos dignidade humana! Os castigos na cadeia não são as surras, as palmadas e os beliscões: é pancada mesmo, é choque elétrico, é porrada sem dó nem piedade.
Mas fica uma pergunta: será que esses políticos que estão propondo essa lei, esses mesmos políticos corruptos que surrupiam os cofres do erário, que superfaturam obras, que desviam recursos públicos, receberam algumas palmadas quando eram crianças? Eu acho que não!
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Washington Berto
ARAXÁ - MG
1/1/2012