ARTIGO: RH, UMA HISTÓRIA E UM CONFRONTO!

Fui convidado dias desses para visitar um importante escritório de RH, o objetivo era construir uma Parceria para prestar uma Consultoria. Chegando lá fui recepcionado pelo Diretor e Diretora. Feita as apresentações iniciou-se um assunto preliminar e papo vai e papo vem, percebi um odor estranho que começava a contaminar o ambiente, quando aprofundamos mais o papo, diagnostiquei que o cheiro era de uma arrogância insuportável que impregnava o ar climatizado.

Logo de início, surpreenderam-me como suas abordagens eram desbotadas em relação ao tema e em função da leitura das pessoas. Eles tratavam fria e superficialmente todas as questões, falavam com soberba, como de um “negócio espúrio de colocação ou recolocação”. Até confidenciaram-me algumas de suas “técnicas” de descartar seres humanos nas entrevistas, nas solicitações de orientações profissionais, nas consultorias, e de não darem retorno a quem não interessava, inclusive desfazendo-se dos Colaboradores, enfim, em tudo pelo que constatei, eles tinham um potente arsenal para derrotar o ser e valorizar o ter, seja de forma consciente ou inconscientemente.

Ensinavam-me com suas vozes sarcásticas que o mais importante era agradar de qualquer maneira eficiente e eficazmente com suas ações, os seus clientes corporativos.

Olha! Aquele papo a cada segundo me deslumbrava NEGATIVAMENTE!

Eu do alto da minha ignorância na matéria perguntei: “Mas aqueles que procuram pelo Emprego também não são seus Clientes?” Eles, dura e secamente e em bom tom me responderam! “CLARO QUE NÃO"! Pois na verdade o que importa principalmente é o resultado para Empresas com as quais atuamos, e não para as pessoas que nos procuram, pois elas são secundárias.” E continuou a insistir afirmando: “A importância deve ser dada a quem contrata, e não ao contratado, pois as organizações são poucas, a mão de obra é muita, logo se desqualifico uma aqui, aparecem dez ali”. Parecia explicação matemática que tentava provar que Pessoas são meros números e não Pessoas. Parecia uma tentativa de lavagem cerebral.

Vejam a que ponto chegou com suas indumentárias sem ética! Afirmaram com suas próprias bocas, que tratoravam tudo para atingir seus objetivos.

PARACE BRINCADEIRA, MAS INFELIZMENTE NÃO FOI!

EU OUVI ISSO MESMO COM TODAS AS LETRAS!

Por um instante fiquei atônito sem saber o que estava acontecendo. Mas logo em seguida caiu a ficha e recobrei os sentidos, e imediatamente estabeleci uma conexão com os contos infantis do Capitão Gancho e da Madrasta Malvada da Cinderela, com as figuras daqueles dois desprezíveis indivíduos.

Aquela conversa parecia um pesadelo, quanto mais ouvia, mais me apavorava. Ainda bem que me propus a acordar e romper com aquele filme de terror. Primeiramente discordei diametralmente apesar de não ser um profissional da área, externei que não acreditava naquele perfil de ação egoísta e espoliadora, em seguida despedi-me afirmando que foi um desprazer participar daquele diálogo, que mais parecia um monólogo e por último recomendei que eles revisitassem seu interior para mudar seu exterior. Registrei que não era aquele tipo de Parceria que procurava. Ali comprovei mais uma vez um princípio essencial. Temos que ter cuidado com as palavras, pois da mesma forma como DEUS criou o mundo com o poder da palavra (gênesis cap. 1 vers. 3), podemos destruir o nosso semelhante com esse poder, se usado de forma contrária.

Quando ia me afastando do local da reunião, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi: Será que já transformamos tudo e todos em uma sociedade de valor econômico e financeiro? E ato contínuo me indaguei o que eles receberam e o que deram como presente de natal? Pobres Diabos! Seguramente não deram e nem receberam o melhor do Natal, que é o Espírito Genuíno de Jesus! Foi assim que meu coração respondeu.

Ainda bem que quando caminhava, após alguns minutos chutando cabeças de paralelepípedos, coincidentemente ouvi alguém me chamar: Eduardo, oi Eduardo! Eu pensei antes de levantar a cabeça, hoje não agüento mais aturar nem uma palavra que desagregue. Mas para minha grata surpresa era um Amigo que não via há muito tempo e que havia perdido o contato, ele tem uma competente e comprometida militância na seleção e recrutamento de seres humanos nas fileiras de desempregados.

Apressei-me para cumprimentá-lo, como não podia ser diferente. Após as saudações iniciais fui direto ao assunto (como propõe o comentarista José Neumani Pinto), contei detalhadamente o que havia acontecido e aguardava um posicionamento seu. Mas ele só ouvia-me paciente e atentamente, parecia uma eternidade sem ouvir sua voz, comecei até a pensar que ele concordava com os trogloditas. Depois de não sei quanto tempo, aquele som manso e equilibrado saiu do mais profundo do seu ser, com certeza sendo lubrificado pelo seu coração e com concordância da sua mente.

E com um espírito de Mestre, começou com sublimidade e concluiu com sabedoria sua explicação. E ela invadiu-me completamente, retirando minha revolta e restabelecendo minha paz.

E não parou por aí, insistiu na palestra, fazendo uma analogia entre as profissões, entre pessoas e seu caráter, depois de convidar-me a passear por vários cenários, chegou ao final analisando o bem e o mal. E com muita verdade, registrou a seguinte observação:

Amigo Eduardo! Não fiquei rico selecionando currículos de talentos ou talentosos. Nem de hábeis ou habilidosos, emendou ele com a mesma serenidade. Eu e minha família vivemos em um bairro da região norte, na mesma rua onde nasci e na mesma casa humilde (para os padrões atuais de riqueza) onde cresci. E continuarei lá pelo resto da minha vida, se o preço para sair de lá for arrasar pessoas. Discorreu ele dizendo que preferia seu coração puro e suas mãos limpas para olhar sua família e o seu próximo nos olhos sem ter que se envergonhar. Foi ai que o chamei para almoçarmos juntos, para podermos continuar a conversar, pois aquele papo me fazia muito bem, diferente do primeiro que foi muito rude. Assim poderia perceber com maior intensidade como era relatada a dicotomia do bem e do mal.

O almoço que passou a ser tanto de confraternização como construção do pensar, teve como pano de fundo o certo e o errado (apesar dos dois serem relativos, dependendo da ocasião). E ele ainda me contou que vários profissionais de RH usam artifícios aéticos, alijam, distorcem, menosprezam, não dão retorno, não incentivam, descartam, se acham os donos da cocada preta, atuam com desídia, querem vender dificuldades para obter facilidades. E concordou comigo que temos que resistir a ditadura da Contratação Fria, sem perder a qualidade dos contratados, incrementando valores supremos do ser nessa seleção.

Penso que Homens e Mulheres de RH devem ser ajudadores e não simplesmente eliminadores!

ERA VISÍVEL O MESMO EQUILÍBRIO E VERDADE UTILIZADO POR ELE EM TODA CONVERSA. FOI NA MESMA ESTEIRA QUE ME APRESENTOU A OUTRA FACE DA MOEDA ANTES DA SOBREMESA, AFIRMANDO COM TODAS AS FORMAS QUE A GRANDE MAIORIA DESSES PROFISSIONAIS SÃO ÉTICOS, COMPETENTES, COMPROMETIDOS, COERENTES, SENSÍVEIS, SÉRIOS, COM UMA ÓTIMA FORMAÇÃO HUMANA, CULTURAL E EDUCACIONAL, E FUNDAMENTALMENTE DO BEM!

Sabe! No final das contas quando acabamos de almoçar, esse cara já havia triturado todo meu ódio da experiência anterior e cultivado misericórdia por aqueles dois caras de pau, fez-me reconhecer que ainda vale a pena acreditar, pois o bem sempre vai vencer o mal, é só questão de tempo.

Não pretendi aqui fazer uma crítica puramente lançada ao vento (até porque não é da minha natureza, e de mais a mais quem sou eu?) ao segmento de RH, minha intenção de fato e de direito foi semear nessas linhas um debate que poderá ampliar os Agentes Transformadores para que apresentem a partir das falhas, defeitos e principalmente dos acertos, uma reciclagem na atuação como um todo do RH coetâneo. Que poderia acontecer em um debate permanente e intenso em um Fórum específico com todas as interfaces interessadas, que tratasse dessa única questão e suas conseqüências.

PENSO QUE O ANO NOVO NÃO PODE INICIAR COM UMA AGENDA ANTIGA!

Não sei se deve ser reeditada a Teoria Científica, da Escola das Relações Humanas, ou aplicar a Teoria sobre Motivações, ou adotar a Teoria X ou Y, não sei se deve pensar na Teoria Moderna ou na Psicologia Comportamental, ou do Modelo Behaviorista, ou da Seleção por Competência, Habilidade ou Talento, ou então na junção delas, ou ainda, e creio que a mais ponderada, o aparecimento de um novo mecanismo que melhor compreenda esse novo momento e inove os critérios de avaliação. Temos que tentar preencher lacunas e hiatos que existem no sistema operante.

Subir para o sexto lugar no ranking das economias do mundo aumenta ainda mais a nossa visibilidade como Nação e também nossa responsabilidade no campo do desenvolvimento humano com ênfase ao trabalho.

SÓ SEI DE UMA COISA: ADMINISTRAR CAPITAL HUMANO É DIFERENTE DE ADMINISTRAR CAPITAL FINANCEIRO!

Não pensem que quero ser Profeta do caos, não é essa minha vocação e nunca foi.

MINHA FORMAÇÃO ACADÊMICA É DIREITO E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS, E AQUI RECONHEÇO EM TESTEMUNHO PÚBLICO, A IMENSA QUANTIDADE DE PICARETAS QUE TEM POR AI NA MINHA ÁREA DE ATUAÇÃO. ESTOU SEGURO QUE QUANDO CRITICO ABERTAMENTE UMA PARCELA DE MEUS COLEGAS, CORTO A CARNE DAS MINHAS CATEGORIAS, QUE TAMBÉM SANGRA.

Posso até apanhar, mas não posso me calar, pois estou convicto que a sociedade precisa de olhos de controle, apesar das minhas palavras e ações não terem nenhum condão puritano.

Culmino acreditando que se formos verdadeiros Agentes Transformadores, com certeza empurraremos a força os não comprometidos para fora do mercado, obrigando-os a uma aposentadoria precoce e compulsória.

AGORA COM A PALAVRA OS PROFISSIONAIS DE RH OU OUTROS QUE SE SINTAM QUALIFICADOS PARA OPINAREM!!!

À vista disso, precisamos começar essa nova etapa refletindo sobre os novos caminhos que temos que trilhar.

Como sou Otimista, creio em Mudanças Positivas!

Excelente Ano de 2.012 para todos nós!

EDUARDO FERNANDES DA PAZ.

Diretor da EPZ Negócios Empresariais

Especialista em Direito Ambiental

Consultor em Planejamento Estratégico e Econômico Financeiro

E-mail: fernandesdapaz@hotmail.com