Não pise sobre o BRS
Não pise sobre a faixa do BRS.
No ano passado a Prefeitura começou a adaptar um sistema para tentar desembaraçar o caótico trânsito do município do RJ, implantando um procedimento padronizado de circulação prioritária para coletivos nas principais vias de escoamento.
A título de curiosidade fica aqui um registro. BRS parece ser a sigla de “Bus Reserved Service”. Típica demonstração da nossa eterna submissão ao grande “patrão” ao usarmos os termos estrangeiros em larga escala (cash, off shop, out station, sale, love, cat, vacacion, less) apesar de possuirmos tradução simples que não tira o sentido final das palavras, frases ou siglas. Neste caso poderíamos usar SOL no lugar da BRS. Bem mais ligada à nossa cidade agraciada pelo astro que nos assola com calor o ano inteiro. SOL = Sistema de Ônibus Ligeiro.
Atitude louvável apesar da tradicional falta de um planejamento adequado. Como tantos outros projetos, normatizado sem uma pesquisa junto aos usuários diários para tentar definir um procedimento com um menor impacto aos afetados (quem usa cadeira de rodas ou muleta, que se lixe). Feito meio às pressas para impressionar os membros da FIFA e o COI (que pressiona o governo federal para implantar suas “leis” no país durante o período dos jogos) que desejam vias livres para suas viagens durante a copa de 2014 e as “olimpiadas” de 2016.
Claro que apenas isto não vai resolver o caos de uma cidade traçada com menos inteligência que as trilhas de formigas. Faltam ações de competência (tapar buracos, colocar placas corretas nos cruzamentos, iluminação adequada, sinais sincronizados) e ações de coragem (sem medo de perder votos) tais como: disciplinar trânsito e paradas de caminhões, proibir filas duplas nas portas de escolas, praias e casas noturnas, multar (para valer) quando ocorrer estacionamento em lugares inadequados, multar carros (e funcionários) do poder público que repassam maus exemplos, pintar lombadas com cores reflexivas para a noite (inclusive postes que camuflam os “pardais”), dar curso de trânsito (e boas maneiras) para guardas que bocejam nas esquinas, desentupir bueiros que criam “lagoas” nas ruas, retirar carcaças podres de carros abandonados, rebocar veículos em mal estado de conservação, harmonizar horários de vários tipos de transporte (trens, barcas, metrô, ônibus, vans), ser rígido nos horários de descarga, combinar manutenções com prestadoras de serviços (água, luz, gás), criar pistas reversíveis adequadas, iluminar viadutos e túneis corretamente, criar horários escalonados de atividades sociais. Talvez criar pedágios em centros de alta aglomeração (como em Londres) em horário comercial.
Certamente existem outras medidas a serem estudadas para reduzir o tempo de trajeto dentro de uma cidade estrangulada e SEM capacidade para receber 3000 carros novos por mês. Falta um simpósio com especialistas para equacionar tantos problemas. Falta coragem de aplicar as normas inteligentes.
Que outra sigla (em português) você sugere para substituir BRS? Qualquer que seja, não resolverá nosso problema de locomoção extenuante.
Haroldo P. Barboza
Autor do livro: Brinque e cresça feliz.