Novela e o consumismo
A penetração da televisão ocorre nos lugares mais distantes do campo chegando até os grandes centros urbanos. Atualmente os aparelhos domésticos estão espalhados em praças públicas, comércios, favelas, casas, apartamentos e mansões luxuosas.
A televisão, através dos seus espetáculos, orienta uma lógica de consumo que envolve diversas camadas da sociedade. Consequentemente um dos programas de maior audiência e lucratividade tem sido as telenovelas encontradas nos principais canais abertos como Record, Rede Globo, SBT.
Esses programas partem de uma narrativa caracterizada pelo melodrama. Segundo Esther Hamburguer as telenovelas demonstram principalmente as aventuras e desventuras amorosos de personagens envolvidos em oposições binárias como: bem e mal, lealdade e traição, honestidade e desonestidade.
De tarde, as telenovelas geralmente abordam temas mais suaves, com histórias focadas em romance e aventura voltadas principalmente para um público feminino. Ao anoitecer, envolvem temas mais radicais, misturando o romance já existente com dramatizações e cenas de sexo e violência. As histórias frequentemente começam com tramas leves, e ao longo do enredo os mistérios se desenrolam aos poucos. A linguagem coloquial e a previsibilidade da atuação dos personagens são predominantes.
Nesse contexto, os telespectadores se tornam consumidores efetivos, antes de cidadãos ativos, servindo como referencial para o mercado midiático. Desde o seu surgimento, as telenovelas vem acompanhadas de multinacionais. Para aumentar o número de vendas, as emissoras utilizam técnicas agressivas de marketing.
Em suma, a família brasileira é bombardeada por propagandas ao longo da programação. O olhar do telespectador passa a ser treinado para procurar a marca do fogão, o tipo de salada, a distribuição de função entre marido e mulher (HAMBURGUER p.483, 1998). Grande parcela da população não tem acesso à maioria dos produtos apresentados pelas novelas que apresenta uma sociedade mais rica, do que realmente é.
Ao mesmo tempo em que a televisão alimenta a população com suas informações, ela realimenta as diferenças, reafirmando a desigualdade e também o preconceito social. Uma nova conduta ética na difusão de propagandas e uma reforma nos meios de comunicação, devem ser a meta de grupos de pressão diante do oligopólio midíatico. Essas reinvindicações devem ter como principal objetivo, esclarecer e tornar os cidadãos mais atuantes e participativos em vez de meros consumidores passivos