A vol d'oiseau

Assim, e a vol d’oiseau, comento características importantes a respeito das páginas dos comentários aos textos publicados no site Recanto das Letras. Neste caso, especificamente, a observação se refere tão somente aos comentários nas páginas por mim publicadas. Peço as devidas desculpas para usar, vez por outra, a primeira pessoa. Uso-a apenas para ser explícita.

Convém dizer da relevância que acredito ter o comentário para nós que escrevemos e publicamos. Realmente causa curiosidade e estranheza ao escritor olhar para a sua página e observar o vazio de manifestações de leitores sobre determinados textos. São vários os julgamentos que fazemos tendo em vista o silêncio dos leitores sobre determinada produção textual.

Durante quatro anos de publicações virtuais, é possível, de minha parte, observar os seguintes itens quanto ao número de comentários: textos com um número elevado de acessos e poucos comentários; textos com poucos acessos e poucos comentários; textos com muitos acessos e relativo número de comentários; textos de pesquisa muito acessados e pouco comentados; textos poéticos geralmente bastante comentados; textos em prosa, independentemente do tema, são, em geral, menos acessados e comentados do que os textos poéticos.

Estas grosseiras observações têm me sugerido alguns questionamentos:

Por que, invariavelmente, num período de quatro anos,

a) leitores acessam textos e não se manifestam sobre eles?

b) alguns textos são pouco acessados e pouco comentados?

c) textos têm um número médio de acessos e de comentários?

d) os pesquisadores pouco se manifestam sobre os textos consultados?

e) estudantes não se manifestam sobre os textos que lhes serviram de fundamento para as pesquisas?

f) há silêncios por parte de leitores?

g) estudiosos da literatura perguntam sobre a validade e necessidade da poesia se justamente os textos poéticos são os mais acessados, lidos e comentados?

h) leitores têm demonstrado preferir o texto em verso ao texto em prosa?

Para não lançar questionamentos sem respondê-los, trato de reportar-me apenas a dois aspectos:

1. Acredito que, durante quatro anos, observar em minha escrivaninha a existência de textos muito acessados e pouco comentados, talvez tal ocorrência revele a existência de possíveis seguidores um tanto curiosos e tímidos, digamos assim. Ou mesmo leitores passivos e que se vão sem conversar com o texto.

2. Para os textos de poucos acessos e poucos comentários, suponho que existam muitas causas, a exemplo de, falta de interesse pelo título; publicações em feriados e fins de semana; motivos particulares dos leitores (trabalho, doença, afazeres domésticos).

Entendo que não seria sincero dizer que jogo os textos no site e os abandono como se fossem papeis jogados na lata de lixo. Absolutamente. Prezo tanto os meus textos quanto os leitores deles. Inclusive escrevo porque sou leitora e professora. Ler e escrever “fazem parte do meu show”.

Um aspecto em particular e importante que faço questão de ressaltar é a questão da virtualidade. A pequena experiência de publicar virtualmente me tem demonstrado que, ao invés do que dizem tantas críticas à virtualidade, da minha parte diria diferentemente.

Deste lado de cá, do lado do computador onde escrevo e publico, está uma mulher, uma mãe, avó, tia, amiga e também uma professora. Do outro lado, do lado daquele que está na condição de escritor que publica sua obra no site, está também um ser humano. Sabido é que todos temos defeitos e virtudes.

A máquina não faz o trabalho por si. E, na condição de seres humanos, nos manifestamos e realmente sentimos alegria, felicidade, carinho e apreço pelos que compartilham conosco este espaço. Alegramo-nos com a felicidade dos colegas. Sofremos verdadeiramente quando ocorre o falecimento de um dos nossos companheiros. E quantos já desapareceram deste convívio.

Ditas estas mais que breves considerações, aproveito para agradecer ao que me visita e não sei quem é porque não registra sua passagem (a este convido para fazer a sua apreciação); e ao que me visita, lê e comenta sempre que lhe é possível.

E se algum profissional da crítica passar por aqui e fizer um tsc tsc para o que escrevo, eu também agradeço, pois este tsc tsc me ajudará a melhorar o meu exercício de escrever.