"EI, ÓIEM O TREM!"

OPINIÃO:

NÓS, SEMPRE ATRÁS DOS PREJUÍZOS...

Nessa semana que já se vai a imprensa nos noticiou algo deveras louvável, o envolvimento das autoridades governamentais, em especial o empenho da nossa Presidente Dilma que, entre tantas outras causas emergenciais quase impossíveis, empunha uma difícil bandeira pelo social, ou seja, o mais que a tempo (?) combate à drogadição, mais específica e urgentemente contra o craque, uma droga devastadora já disseminada entre nós e que tanto corrompe a sociedade a nos sequelar com danos irreversíveis em todas as classes sociais.

O problema da drogadição aqui é ASSUSTADOR, está a cada canto sob os narizes de todos, não apenas nas periferias dos Estados e Municípios, e um programa inclusive já torna compulsória a antes polêmica internação obrigatória de drogaditos para que possam se salvar. Pertinente e urgente.

O que venho me perguntando há tempos, assistindo ao problema bem de perto, e também quando nos são mostradas as imagens da mazela da droga que corre solta pelas calçadas das inúmeras cracolândias do país, inclusive as daqui de São Paulo, é por que chegamos ao estado que chegamos.

Por quê? Por quê, meu Deus? Quem permitiu que chegássemos a tal ponto?

Ali, no surreal palco das drogas, temos a certeza de que o inferno, tão figurativamente defendido na teologia, existe sim, e é aqui na Terra.

Aonde foi, em qual exato momento da nossa História as forças do poder público, o todo que nos representa na figura do Estado, falharam para impedir no atual status social tão neglicenciado?

Exatamente quando se perdeu o controle do nosso essencial?

Por que só agora em que o craque se arraiga no nosso cotidiano como o consumo de droga mais acessível e mais "natural" desse mundo as autoridades resolveram correr?

Aonde estavam todos os que respondem pelo bem estar e condução digna da Infância?

Que futuro espera por um país cujas crianças tão precocemente caem nas calçadas vitimadas pelo tragédia do craque, sob a dispersão dos olhos que deveriam ver?

Por que entre nós não se procura resolver nossas tantas mazelas sociais pelas raízes? Por que SEMPRE tampamos nossos sóis tão nublados com as peneiras dos remendos sociais?

Por que não agimos antes de estabilizados tantos dos nossos caos?

Como reverter a situação das drogas e de toda a violência que delas advém, num terreno sociopático generalizado no qual sequer conseguimos educar nossas crianças?

Será que , de fato, existe solução para tudo isso que vemos?

QUEM PODERIA NOS AJUDAR?

Vi numa reportagem televisiva que o nosso Prefeito, preocupado com as drogas, constrói um MURO para impedir que as crianças acesssem uma das nossas cracolândias.

Não acreditei quando vi aquilo! Sem comentários...um muro...se até o de Berlim já é sucata...e como é...

Um Muro de contenção para as drogas como a construção de paredes de contenção para os dilúvios da vida.

É demais.

A tempo de terminar meu questionamento, relato que nossa maravilhosa avenida Paulista, tão conhecido palco de festas e mais recentemente de muitas tragédias da violência social, está comemorando cento e vinte anos de existência, e é o nosso mais clássico cartão postal da modernidade paulistana.

Paralelamente às comemorações de aniversário, uma reportagem nos mostrou o palco dos seu subterrâneo, tão abandonado e carcomido pelo tempo, inacreditáveis ruínas sob o asfalto da vitrine da nossa história, que pode implodir a qualquer instante sob os nossos pés.

Doutro lado, não é piada não, portanto não riam, também nos foi mostrado que, em decorrência de vários e recentes acidentes nas vias férreas da cidade, ali num local da periferia, colocaram uns seguranças para gritarem às pessoas que, à pé, atravessam a perigosa passagem de nível: "Ei, óia o trem!".

Decerto que é o que todos deveríamos gritar para tantos políticos que nunca sairam das teorias. O resultado prático está aí, inclusive para quem não quiser ver.

Penso que as figurações das quais aqui me valho são mais do que representativas das respostas que tanto procuro...

Já é bem tarde, todavia eu ainda grito:

"Ei, óiem o trem!".

Quem sabe alguém ouve...