Crimidoso-Delinquencia de Idosos preocupa a sociedade

O assunto não é novo. A Europa como um todo, e o Japão em especial, já contam com aproximadamente vinte por cento da população na faixa etária acima dos 60 anos. As condições de vida, melhor dizendo, de abandono e segregação em que vive a maioria desses idosos, tem levado a um aumento brutal, em termos percentuais, da prática de atos infracionais por essa parcela da população.

Estudos feitos, especialmente na França e Alemanha, alertam as autoridades para a necessidade de criarem prisões especialmente adaptadas para idosos.

Durante as pesquisas efetuadas com os chamados "vovôs atiradores", ficou ainda ressaltado que o que os leva para o caminho do crime, por mais paradoxal que seja, é uma carência afetiva e material, pois, enquanto mantidos pelo Estado, tem maiores possibilidades de assistência médica, imediata e ilimitada, alimentação adequada e constante, cuidados geronto-geriátricos de excelente qualidade, além de poderem estar em convívio com pessoas do mesmo grupo etário. Chegam a dizer que é "como estar num hotel, apenas sem poder sair livremente".

Toda essa digressão, é apenas um motivo para começarmos a discutir aqui no Brasil, a sociedade que queremos num curto espaço de mais ou menos três décadas, quando teremos mais que dobrado o número de pessoas acima de sessenta anos, hoje em tôrno de vinte e um a vinte e quatro milhões de pessoas.

Neste início de conversa, não basta apenas fazer valer o Estatuto do Idoso, onde nem todos seus artigos estão devidamente regulamentados e menos ainda obedecidos. É imprescindível que o tema do envelhecimento comece a fazer parte dos currículos escolares desde a mais tenra idade. Que se crie no âmbito governamental, em todos os níveis, uma Secretaria do Idoso, que existam fundos especialmente dirigidos para o atendimento das necessidades dos Conselhos Municipais, Estaduais, do Distrito Federal e Nacional do Idoso, pois sem dinheiro não se faz política de qualidade.

Que a Socidade Civil seja chamada a conhecer, e principalmente participar das necessárias discussões sôbre tão relevante tema.

Que o Ministério da Previdência seja intimado a gerir os fundos de que dispõe de maneira profissional e transparente, possibilitando que as aposentadorias venham realmente a significar uma vida digna na velhice.

Que o Ministério da Saúde realmente cuide de todos os cidadãos, com respeito, ética e competência, da gestante ao idoso.

Que, num esfôrço conjunto, todos os poderes, executivo, legislativo e juduciário trabalhem no aperfeiçoamento e na justa aplicação das leis, e que estas sejam enfim melhor elaboradas, sem riscos de interpretações dúbias pelos profissionais encarregados de fazê-las cumprir.

Que todos nós, especialmente aqueles que estão caminhando para o envelhecimento, cobrem de seus governantes a separação entre Políticas Públicas das Políticas de Estado, para que se consiga realmente cumprir o lema da III Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada em Brasília nos dias 23, 24 e 25 de Novembro deste ano "O Compromisso de Todos por um Envelhecimento Digno no Brasil".

Fica o tema aberto para comentários e discussões.

neanderthal
Enviado por neanderthal em 03/12/2011
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